O Que a Bíblia Diz Sobre Homicídio? Deus Perdoa?
A Bíblia diz que o homicídio é um pecado muito grave. O homicídio é a quebra do sexto mandamento, no qual Deus ordena: “Não matarás” (Êxodo 20:13). O termo hebraico traduzido como “matarás” significa literalmente “assassinarás”.
O assassinato é fruto da pecaminosidade e depravação humana. A morte foi determinada por Deus por causa do pecado do homem (Gênesis 2:17). Adão e Eva cederam ao tentador e transgrediram a Lei de Deus. Por isto também Satanás é identificado por Jesus como aquele que é assassino desde o princípio (João 8:44).
O primeiro homem a ser um assassino foi Caim. Movido por um tipo de ódio invejoso, ele assassinou seu próprio irmão, Abel. O apóstolo João enfatiza a associação de Caim com Satanás, dizendo que ele era do Maligno. O mesmo apóstolo usa esse episódio para explicar que qualquer pessoa que possui um espírito de ódio como o de Caim, é de fato um assassino (1 João 3:15).
A punição bíblica para o homicídio
Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. Essa designação revela a dignidade da vida humana, pois neste aspecto, todos os homens são representantes da imagem de Deus. Quando alguém comete um homicídio, ele não apenas coloca um fim na vida humana, mas também comete um atentado contra a imagem do próprio Deus representada na vítima.
Além disso, o homicídio é uma afronta à autoridade divina. A Bíblia diz que somente Deus é quem pode dar a vida e tomá-la (1 Samuel 2:6). Depois de Caim, rapidamente a prática do homicídio passou a ser muito frequente na humanidade. Como uma forma de refrear essa prática abominável, Deus instituiu a pena de morte para os homicidas (Gênesis 9:6).
Com isto, Deus autorizou o governo humano a aplicar a pena de morte como justa punição aos assassinos (Números 35:33; João 19:10; Romanos 13:1-4). Portanto, do aspecto bíblico, esse severo castigo serve como instrumento da justiça e proteção à dignidade da vida.
Mas a Bíblia não vê todos os tipos de homicídios da mesma forma. Biblicamente também existe a distinção entre homicídio com dolo e sem dolo. Vejamos melhor a seguir.
Tipos de homicídios na Bíblia
As informações mais detalhadas sobre os diferentes tipos de assassinatos, podem ser vistas principalmente na Lei Mosaica. Em seu aspecto civil, essa lei servia para regulamentar a vida de Israel como nação, esclarecendo regras sociais e criminais.
Então nos tempos bíblicos, diante de um caso de homicídio, era necessário que se distinguisse se o assassinato havia sido intencional ou não intencional. Para tanto os magistrados levavam em consideração algumas coisas, como por exemplo, o relacionamento pré-existente entre os envolvidos e o instrumento do crime (cf. Números 35:16-20; Deuteronômio 19:11-13).
Comprovada a culpa num homicídio doloso, o criminoso era sentenciado a pena capital sem direito a qualquer recurso. Já quando provado que o homicídio havia sido não intencional, a pessoa não era condenada à morte, mas devia fugir para uma das cidades de refúgio onde ficava protegido de qualquer eventual vingança (cf. Êxodo 21:12-14; Levítico 24:17; Números 35:9-15; Deuteronômio 9:1-13).
Já durante uma guerra, matar um inimigo não era considerado um assassinato doloso. Todo o contexto bíblico do Antigo Testamento confirma o direito de uma nação se defender diante de uma ofensiva inimiga. Isto valia, inclusive, para grupos étnicos dentro de um território estrangeiro, assim como ocorreu com os judeus no tempo de Ester (Ester 9:1-10).
O mesmo também pode ser dito de uma morte em legítima defesa, que não constituía um assassinato (Êxodo 22:2). A Lei Mosaica também tratava de um caso de morte bastante específico, quando um animal feroz, por negligência de seu dono, acabava matando uma pessoa. Nesse caso o animal deveria ser sacrificado e o dono seria culpado de assassinato, ficando inclusive sujeito a pena de morte (Êxodo 21:29-32).
A culpa de um homicida não recaía sobre seus filhos, a menos que eles também participassem deliberadamente do crime (cf. Deuteronômio 24:16). Por fim, toda uma nação poderia se tornar culpada de assassinato, assim como ocorreu no caso da crucificação de Jesus (Atos 7:52; cf. Mateus 27:25).
Deus perdoa homicídio?
As Escrituras falam sobre o tamanho da gravidade do pecado de homicídio de uma forma muito clara. Os homicidas não têm lugar no reino de Deus, assim como os demais culpados de outros tipos de pecado (Apocalipse 21:8).
Mas com relação à salvação eterna, qualquer pecado, mesmo que pareça ser o “menor” de todos eles, já é suficientemente capaz de privar o homem da comunhão com Deus e fazê-lo merecedor de sua ira. É por isto que a salvação é pela graça de Deus. O pecador encontra o perdão de seus pecados na pessoa de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Pelos méritos de Cristo, o homem injusto é justificado por Deus.
Mas algumas pessoas perguntam: Deus perdoa o homicídio? Seria o assassinato um pecado grande demais para que receber o perdão de Deus? Será que entre os pecados expiados por Cristo estavam, inclusive, casos de assassinato?
A Bíblia definitivamente diz que o único pecado que é imperdoável é a blasfêmia contra o Espírito Santo. Não porque esse tipo de pecado supera o perdão de Deus, mas porque se trata da apostasia, e o apostata rejeita deliberadamente justamente Aquele que é o único capaz de perdoar os pecados.
Portanto, Deus, através da obra de seu Filho, perdoa o terrível pecado de homicídio. Sim, entre aqueles a quem Cristo redimiu na cruz, certamente estão muitos assassinos.
Na Bíblia, Paulo de Tarso é um exemplo claro disso. Antes de ser regenerado pelo Espírito Santo, Paulo respirava ameaça de morte contra os seguidores de Cristo (Atos 9:1). Ele assolava e perseguia a Igreja de Deus (Gálatas 1:13). No entanto, pela graça soberana do Senhor, de perseguidor ele foi transformado em perseguido pela causa do Evangelho.
Porém, apesar de Deus perdoar o pecado de homicídio, isto não significa que a pessoa deva ficar livre das consequências e implicações de seu ato. Sob este aspecto, no que diz respeito a consequência e punição, existem diferentes graus de pecado. A história de Davi revela essa verdade. Ele foi culpado pela morte de Urias. Após ter sido repreendido por Deus, o rei se arrependeu e foi perdoado. Porém, as consequências de seu pecado não foram retiradas (2 Samuel 12).