As Diferentes Correntes Escatológicas

Entre as diferentes correntes escatológicas, basicamente o principal assunto discutido é o milênio, além é claro, do modo como se interpreta o livro do Apocalipse como um todo. Embora se dividam em quatro visões escatológicas diferentes, dentro de cada uma das quatro visões ainda existem diferentes interpretações de pontos específicos por seus adeptos. Vejamos um resumo dessas quatro principais escolas escatológicas.

Pré-Milenismo Histórico

O Pré-Milenismo Histórico defende que a segunda vinda de Cristo acontecerá em um evento único após o período de tribulação (ou grande tribulação), ou seja, no Pré-Milenismo Histórico a igreja estará na terra durante esse período de tribulação intensa, e ao final deste período então ocorrerá a vinda de Jesus.

Na segunda vinda de Cristo, os justos ressuscitarão, e os salvos que estiverem vivos terão seus corpos transformados. Na ocasião, o Anticristo será julgado, Satanás será preso e Cristo reinará durante mil anos literais na terra, cujo período será de grande benção, paz e prosperidade.

Ao final dos mil anos, Satanás será solto por um curto período de tempo e tentará fazer uma guerra contra Deus, porém será derrotado definitivamente e lançado para condenação eterna no Lago de Fogo. É também nesse momento que os ímpios serão ressuscitados para serem julgados e condenados juntamente com Satanás e seus anjos. Após esse acontecimento começará o estado eterno.

O Pré-Milenismo Histórico vem sendo ensinado provavelmente desde o século I d.C., porém as primeiras evidências desse ensino datam do século II com Justino Mártir e Irineu. Grandes nomes da Igreja adotaram o Pré-Milenismo Histórico como: James Montgomery, Charles Spurgeon, George E. Ladd, M. J. Erickson, dentre outros.

Pré-Milenismo Dispensacionalista

O Pré-Milenismo Dispensacionalista é bem diferente do Pré-Milenismo Histórico. Embora também tenha uma visão pré-milenial da segunda vinda de Cristo, o Dispensacionalismo divide esse evento em duas fases distintas. Primeiramente ocorrerá o arrebatamento secreto da Igreja, e, juntamente com o surgimento do Anticristo, será dado início aos famosos sete anos de grande tribulação na terra, que como base dessa cronologia é utilizada uma interpretação das setenta semanas de Daniel (no caso esse período seria a septuagésima semana) combinado com um esquema de leitura do livro de Apocalipse (sobretudo do capítulo 13). No arrebatamento da Igreja ocorrerá apenas a ressurreição dos justos. No período de sete anos de tribulação a Igreja estará com Cristo no céu.

Após os sete anos de tribulação, haverá a batalha do Armagedom, e Cristo retornará para destruir o Anticristo e os inimigos de Israel. As nações serão julgadas, e as que tiverem apoiado Israel participarão do milênio, que será também um reino literal de mil anos de Cristo na terra, como defende a visão anterior.

Haverá a ressurreição dos judeus após os sete anos de tribulação. Os que se voltaram contra Israel serão destruídos e aguardarão o último julgamento para condenação eterna. No reino milenar, o Templo terá sido reconstruído e Cristo se assentará no trono de Davi, para que se cumpra todas as profecias pendentes a Israel (nesse sistema existe a completa distinção entre Israel e Igreja).

No final do milênio, Satanás será solto por um período de tempo, enganará as pessoas e fará uma rebelião contra Cristo e a Nova Jerusalém, porém Satanás será derrotado e lançado no Lago de Fogo. Haverá também a ressurreição dos ímpios para o grande julgamento, os quais serão lançados no Lago de Fogo.

O Dispensacionalismo ou Pré-Milenismo Dispensacionalista, é com certeza a corrente escatológica mais complexa e surgiu recentemente, em meados do século 19. Os principais nomes do Dispensacionalismo são: Jhon N. Darby, C. I. Scofield (se popularizou nas notas de rodapé de sua Bíblia de Estudo), L. S. Chafer, J. D. Pentecost, J. F. Walvoord, J. McArthur e H. Lindsey e outros.

É importante ressaltar também que existe o Dispensacionalismo Progressivo, o qual difere bastante do Dispensacionalismo Clássico. Nesse sistema a Igreja não representa uma interrupção no plano de Deus para Israel como no modelo clássico, e sim uma parte integral desse plano, ou seja, é uma progressão desse plano. O Dispensacionalismo Progressivo, em sua maioria, defende a vinda de Cristo em um evento único e pós-tribulacional.

Pós-Milenismo

A visão Pós-Milenista acredita que a segunda vinda de Cristo ocorrerá após o milênio. Dentro do próprio Pós-Milenismo existem diferentes opiniões sobre esse período milenar.

Alguns acreditam que se trata dos últimos mil anos antes da volta de Cristo, enquanto outros defendem que o Milênio é o período que compreende desde a primeira até a segunda vinda de Cristo. O Pós-Milenismo afirma que nesse período ocorrerá uma completa evangelização no mundo, e que a maioria das pessoas serão convertidas, o que ocasionará um grande desenvolvimento global em todos os aspectos (social, econômico, político e cultural).

Entre o imenso número de convertidos estarão também muitos judeus, que reconhecerão Jesus como o Messias. No final desse período, Cristo voltará, acontecerá a ressurreição tanto dos justos quanto dos ímpios, o julgamento final e o estado eterno será estabelecido.

Grandes teólogos e pregadores na História da Igreja ensinaram o Pós-Milenismo, entre eles João Calvino (provavelmente), Jhon Knox, Jhon Owen, Jonathan Edwards, Charles Hodge e outros.

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Amilenismo

Embora o termo “Amilenismo” literalmente signifique “sem milênio” ou “não milênio”, o Amilenismo de forma alguma nega o milênio. O Amilenismo entende que o capítulo 20 do Apocalipse que descreve o milênio, se refere ao período entre a primeira e a segunda vinda de Cristo, ou seja, os “mil anos” são simbólicos e não estão relacionado a um período de paz e prosperidade na terra, mas ao caráter espiritual do Reino de Cristo.

Alguns defendem que o Reino Cristo acontece, sobretudo, com os salvos que já morreram e estão nos céu reinando com Cristo até a segunda vinda, enquanto outros acreditam que também existe uma conexão com a igreja, e a pregação do evangelho na terra, porém essa evangelização não será acompanhada de paz e prosperidade, mas de sofrimento terreno, o qual a igreja de Cristo sempre enfrentou ao longo de sua história.

No Amilenismo o fato de Satanás estar amarrado não significa que ele está totalmente “sem ação” no mundo, pelo contrário, ele está agindo no presente momento, porém está limitado e incapacitado de barrar o avanço da pregação do Evangelho na terra.

Os Amilenistas também defendem um período final de tribulação sem precedentes em que Satanás será solto, ou seja, Deus permitirá que ele engane novamente as nações, e é nesse período que a Igreja passará por seu momento mais difícil na terra. Então Cristo voltará com poder e glória, haverá a ressurreição geral (santos e ímpios), o juízo final e o estado eterno, com novo céu e nova terra.

O Amilenismo (mesmo que com algumas diferenças) foi defendido por notáveis líderes e teólogos como, Agostinho, Martinho Lutero, Abraham Kuyper, Herman Bavinck, G. Vos, L. Berkhof, Anthony Hoekema, William Hendriksen e outros.

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