Contrastes na Adoração da Antiga e Nova Aliança

Os contrastes na adoração da Antiga e Nova Aliança são identificados pelo autor de Hebreus no capítulo 9 de sua epístola. Para tanto, ele faz uma descrição do Tabernáculo que serviu de local da adoração na Antiga Aliança.

O escritor menciona resumidamente os utensílios do Tabernáculo e suas atividades. O ponto alto de sua exposição se concentra no modo com que ele compara o sacrifício da Antiga Aliança e o sacrifício de Cristo da Nova Aliança.

A adoração na Antiga Aliança

Juntamente com a aliança do Sinai, Deus deu instruções especificas sobre de que modo seu povo deveria adorá-lo. Através de Moisés e Arão, o Senhor regulamentou o culto da Antiga Aliança. Ele institui o sacerdócio hebreu, o sistema de sacrifícios e ordenou a construção de um lugar que serviria de símbolo de sua habitação com seu povo. Seria nesse lugar que o povo da aliança se relacionaria com o Senhor que o escolheu.

Esse lugar era o Tabernáculo, o santuário terreno da adoração da Antiga Aliança. O Tabernáculo e suas atividades constituem um tema muito importante do Antigo Testamento. Cerca de cinquenta capítulos são dedicados a esse tema no Antigo Testamento, sendo os principais: Êxodo 25-40. Saiba mais sobre o que significa o Tabernáculo.

Assim como o escritor de Hebreus menciona, basicamente esse Tabernáculo era dividido em duas partes por uma cortina. A primeira delas era o Santo Lugar, onde ficavam o candeeiro, a mesa dos pães e o altar do incenso. A segunda parte era chamada de Santo dos Santos. Ali ficava a Arca da Aliança.

Mas é interessante notar que o autor de Hebreus conta o altar do incenso como mobília do Santo dos Santos, embora seu lugar fosse mesmo o Santo Lugar (Hebreus 9:4; Êxodo 30:6; 40:26). Obviamente ele não errou ou se confundiu em sua descrição. A explicação para isto é muito simples. O autor de Hebreus tem em mente em sua descrição o papel fundamental do altar do incenso na liturgia do dia da expiação.

Nessa ocasião, o sumo sacerdote levava o incenso desse altar ao Santo dos Santos (Levítico 16:12,13). Quando o sumo sacerdote adentrava no Santo dos Santos, ele queimava o incenso produzindo uma fumaça para cobrir o propiciatório que servia de tampa para a Arca do Concerto. Essa fumaça do incenso servia para escondê-lo da pureza consumidora do Senhor. Por causa de sua função intimamente associada com o interior do Santo dos Santos, o altar de incenso foi considerado parte dele (cf. 1 Reis 6:22).

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Os contrastes da adoração da Antiga Aliança e da Nova Aliança

Cada utensílio do Tabernáculo, assim como ele próprio, possuía seu simbolismo que apontava para uma realidade espiritual. Mas o autor de Hebreus não se concentra nesse aspecto. Seu foco principal é explicar o que acontecia no Tabernáculo, e não discutir o propósito de sua mobília. Então ele se preocupa em explicar as atividades dos sacerdotes nos cerimoniais do Tabernáculo na Antiga Aliança (Hebreus 9:5).

Com o propósito de expor os contrastes da adoração da Antiga e Nova Aliança, o escritor começa falando sobre como os sacerdotes deviam entrar continuamente no Santo Lugar para substituir os pães da proposição e manter acesso as lâmpadas do candelabro. Além disso, eles também precisavam queimar incenso duas vezes por dia, simbolizando a oração do povo da Aliança (Hebreus 9:6; cf. Êxodo 25:30; 27:20,21; 30:7-9).

No entanto, na segunda sala do Tabernáculo, o Santo dos Santos, somente o sumo sacerdote, sozinho, podia entrar uma vez por ano após preparos especiais, e “não sem sangue” (Hebreus 9:7). Com isto o autor menciona o sangue do sacrifício. Seu objetivo é contrastar a morte dos sacrifícios na Antiga Aliança com a morte de Cristo na Nova Aliança (Hebreus 9:12-14).

O Santo dos Santos era o lugar onde a presença de Deus no meio de seu povo se revelava mais intensamente. O fato de apenas o sumo sacerdote uma vez por ano poder entrar nesse lugar, revela que o Tabernáculo terreno não podia servir como meio do povo se aproximar livremente de Deus. Segundo o autor de Hebreus, essa é a mensagem principal transmitida pelo Espírito Santo acerca do Tabernáculo.

A promessa de Deus de que todo seu povo o conheceria na Nova Aliança, jamais poderia ter se cumprido no Tabernáculo Terreno na Antiga Aliança (Hebreus 8:11). Sem o sacrifício de Jesus Cristo, Deus é inacessível.

A restrição do Santo dos Santos do Tabernáculo servia também para indicar que o sistema cerimonial da Antiga Aliança não podia prover um caminho para Deus. Mas somente em Cristo temos o caminho à presença de Deus (cf. João 14:6).

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Uma adoração superior na Nova Aliança

O escritor de Hebreus interpreta as cerimônias do Tabernáculo da Antiga Aliança como “uma parábola para a época presente” (Hebreus 9:9). Isso significa que o sistema de culto da Antiga Aliança era um tipo de profecia sobre o que haveria de vir em Cristo. Os cerimoniais do Tabernáculo revelavam uma insuficiência que só poderia ser corrigida pela Nova Aliança.

Assim, os sacrifícios na Antiga Aliança eram imperfeitos e insuficientes. Não havia ali a purificação completa da consciência e o perdão total dos pecados através dos sacrifícios oferecidos no Tabernáculo terreno. Consequentemente, não havia também uma confiança plena para se aproximar de Deus (Hebreus 9:11).

Porém em Cristo isso é diferente. Cristo veio como Sumo Sacerdote eterno que ministra no Tabernáculo celestial, não feito por mãos de homens (Hebreus 9:11,24). Ele é o Mediador de uma aliança superior.

Ele próprio se ofereceu em sacrifício perfeito e definitivo, uma vez por todas, tendo obtido então eterna redenção ao seu povo, em contraste com a repetição dos sacrifícios pelos sacerdotes levíticos na Antiga Aliança (Hebreus 9:12). Ele é quem purifica o seu povo e o qualifica para que este possa servir ao Deus vivo de forma agradável (Hebreus 9:14).

Cristo derramou seu próprio sangue, inaugurando o estágio superior da aliança de Deus com seu povo, a Nova Aliança. Seu sacrifício, com seu sangue derramado, é eficaz para sempre (Hebreus 9:16-25).

A importância de entender os contrastes na adoração da Antiga e Nova Aliança

Agora não há mais a necessidade de recorrer aos cerimoniais e ritos da Antiga Aliança. Mas mesmo assim tem muita gente que não compreende os contrastes da adoração da Antiga e Nova Aliança. Infelizmente muitos crentes estão caindo nesse erro.

Eles adotam os utensílios do Tabernáculo terreno com propósitos místicos. Eles procuram a todo custo, cada vez mais, introduzir elementos da adoração da Antiga Aliança de modo a ser compatível com a adoração na Nova Aliança. Mas isto jamais será possível!

Fazer isto é voltar à sombra e deixar a realidade. É se apegar ao imperfeito e transitório, e desprezar o perfeito e definitivo. Essas pessoas ascendem candelabros e não enxergam Cristo como a luz do mundo. Fazem réplicas da Arca e rejeitam a presença do próprio Deus habitando com seu povo em Cristo espiritualmente através do Espírito Santo.

Essas pessoas também elevam seus líderes a um nível de mediador semelhante aos sacerdotes da Antiga Aliança. É como se esses líderes fossem “homens sagrados” que podem experimentar um relacionamento superior com Deus, restrito aos demais.

Com isto essas pessoas não entendem que Cristo é o único Mediador entre Deus e o homem. Através de sua obra, todos os redimidos são feitos reis e sacerdotes. Eles possuem livre acesso ao trono da graça de Deus (cf. 1 Pedro 2:9). Ninguém mais, além de Cristo, pode dar ao seu povo a esperança superior de que Ele próprio aparecerá uma segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação (Hebreus 9:28).

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