Deus Não Habita em Templos Feitos Por Mãos de Homens

Dizer que Deus não habita em templos feitos por mãos de homens significa que a presença de Deus não está confinada num lugar especial. Deus é onipresente, ou seja, Ele está presente em toda parte e jamais estará preso a um lugar especifico. Portanto, dizer que Deus não habita em templos feitos por mãos de homens é simplesmente falar da grandeza de Deus.

Mas é importante entender o contexto em que essa frase aparece na Bíblia. Muitas pessoas dizem que Deus não habita em templos feitos por mãos de homens com a intenção de condenar a prática da comunidade cristã em se reunir em espaços físicos para cultuar a Deus. Esse tipo de interpretação está completamente errado e contradiz as Escrituras.

Quais os versículos dizem que Deus não habita em templos feitos por mãos?

No livro de Atos dos Apóstolos estão os dois versículos onde podemos ler exatamente que Deus não habita em templos feitos por mãos de homens. Primeiro foi o diácono Estêvão quem fez essa declaração durante o sermão que culminou em sua morte. Ele disse: “Entretanto, não habita o Altíssimo em casas feitas por mãos humanas […]” (Atos 7:48).

Durante a morte de Estevão por apedrejamento após dizer essas palavras, Paulo de Tarso estava presente. Curiosamente mais tarde, após Paulo ter sido convertido a Cristo, ele mesmo fez uma declaração muito semelhante. Ele disse: “O Deus que fez o mundo e tudo que o que nele existe, sendo Ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas” (Atos 17:24).

Mas as declarações de Estêvão e Paulo estão fundamentadas num princípio bíblico amplamente enfatizado em toda Bíblia. Estevão, por exemplo, fundamenta sua declaração numa profecia do profeta Isaías. A profecia diz: “Assim diz o Senhor: O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa me edificareis vós? E qual é o lugar do meu repouso?” (Isaías 66:1; cf. 1 Reis 8:27).

Por que Deus não habita em templos feitos por mãos de homens?

Quando olhamos para a grandiosidade de Deus à luz de Sua revelação nas Escrituras, podemos entender por que Ele não habita em templos feitos por mãos de homens. Não há um lugar se quer nesse Universo que pode conter o Criador de todas as coisas em Sua plenitude.

Mas durante o Antigo Testamento, o próprio Deus ordenou que os israelitas construíssem um santuário. O objetivo era que Sua presença pudesse habitar no meio deles (Êxodo 25:8). Inclusive, dentro do Tabernáculo havia o lugar chamado de Santo dos Santos. Ali ficava a Arca da Aliança que era a representação máxima da presença de Deus entre o povo da aliança.

Mais tarde o Tabernáculo foi substituído por um templo fixo em Jerusalém construído pelo rei Salomão. Mas o próprio Salomão havia compreendido que Deus era tão grandioso que Ele jamais poderia ser colocado dentro do templo que ele havia construído.

Nem mesmo o céu, que frequentemente é apresentado nas Escrituras como sendo a morada de Deus, é capaz de contê-lo. Com base nisso, Salomão declarou: “Mas, de fato, habitaria Deus com os homens na terra? Eis que os céus e até o céu dos céus não te podem conter, quanto menos esta casa que eu edifiquei” (2 Crônicas 6:18).

Então devemos entender que o Templo no Antigo Testamento era o lugar onde o nome de Deus habitava, ou seja, onde Deus manifestava sua presença de forma especial. Contudo, não podemos perder de vista a verdade de que Deus transcende toda a criação.

Deus não habita em templos feitos por mãos: o erro dos judeus

De forma geral, os israelitas entenderam errado as promessas de que Deus habitaria no meio deles no Templo. Então eles tentaram limitar Deus; tentaram moldá-lo aos seus próprios caprichos. Eles achavam que Deus estava presente apenas em Jerusalém, confinado no Templo.

Isso explica o desespero de muitos deles quando o Templo foi destruído durante o cativeiro babilônico. No Salmo 137 lemos sobre como eles se lamentaram por Jerusalém e pelo Templo; mas não se lamentaram em arrependimento por conta do pecado. Eles se recusaram a adorar ao Senhor numa terra estranha longe de Sião. Dessa forma eles tentaram reduzir o Deus de toda terra como se Ele fosse uma divindade tribal.

Mas por outro lado havia o remanescente fiel que entendia que Deus não habita em templos feitos por mãos de homens. Então os verdadeiros crentes, como Daniel e Ezequiel, por exemplo, continuavam a adorar a Deus mesmo na Babilônia.

Estêvão denunciou exatamente esse comportamento. Por isso ele usou a profecia de Isaías. O contexto da profecia fala justamente do juízo de Deus que haveria de destruir Jerusalém e o Templo, mas que a adoração verdadeira continuaria.

Os judeus não gostaram de ouvir que Deus não habita em templos feitos por mãos de homens. Na verdade essa verdade soou nos ouvidos deles como uma blasfêmia. S. Kistemaker diz que no pensamento judaico da época, Israel era o centro de todas as nações; o centro de Israel era Jerusalém, a cidade de Deus; e o centro de Jerusalém era o Templo onde Deus habitava.

Por isso as palavras de Estêvão eram tão ofensivas para eles. Ao dizer que Deus não habita em templos feitos por mãos, Estêvão não estava reprovando o próprio Templo; mas estava condenando a forma como os judeus valorizavam mais uma construção terrena do que o caráter ilimitado e onipresente de Deus. Curiosamente os judeus ouviram de Estêvão a mesma frase que Paulo disse aos idólatras atenienses.

Deus não habita em templos feitos por mãos: o que isto não significa?

Definitivamente a declaração de que Deus não habita em templos feitos por mãos de homens não significa uma proibição de que os crentes se reúnam em lugares específicos para adorar a Deus. Como foi dito, o contexto em que essa verdade é dita por Estêvão diz respeito aos desvios do povo de Israel.

Já quando Paulo diz aos atenienses que Deus não habita em templos feitos por mãos de homens, Ele estava denunciando o erro da idolatria do paganismo grego. Ele fez isto apresentando a eles o Deus verdadeiro que não pode ser confinado num templo; nem representado numa imagem. Esse Deus não é servido por mãos humanas, como se dependesse do homem para existir; mas é o homem que existe por causa d’Ele.

Na verdade a Bíblia é muito clara ao afirmar que os crentes devem se reunir regularmente com o objetivo de cultuar a Deus. O escritor de Hebreus repreende o costume daqueles que deixam de congregar (Hebreus 10:25).

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A própria Igreja é o Templo onde Deus habita

No tempo dos apóstolos a igreja primitiva já se reunia para adorar a Deus em comunidade de forma estruturada e organizada (cf. Atos 15.1-6; 16:4; Filipenses 1:1; 1 Timóteo 3.1-8; 4:14; 5.9-17,19; Tito 1.5; etc.). O próprio conceito de “Igreja” fala exatamente sobre reunião de pessoas. Saiba o que é a Igreja.

No começo, de fato a Igreja se reunia em casas, em espaços de uso público, ao ar livre, em florestas, campos, cavernas etc. Mas com o tempo, após o período inicial de perseguição, as reuniões passaram a ser realizada em espaços que forneciam recursos mais adequados para receber as pessoas.

Porém, independentemente do local, onde a verdadeira Igreja estiver reunida em adoração no nome de Cristo, ali Jesus estará presente (Mateus 18:20). Contudo, não podemos cair no erro dos judeus. Não devemos enxergar os templos atuais como lugares místicos onde somente neles Deus está presente. Na verdade, até mesmo a nomenclatura “templo” talvez não seja a mais apropriada.

Os lugares que nos reunimos são apenas espaços adequados que facilitam a reunião dos santos. O propósito desses lugares não é ser o endereço fixo de Deus na terra, mas uma casa de oração para aqueles que se reúnem em Seu nome (cf. Marcos 11:17).

O Templo de Deus é a própria Igreja. Deus habita na Igreja pela pessoa de Cristo através do Espírito Santo (1 Coríntios 3:16). Então de fato quando a Igreja se reúne em um lugar, ali a presença de Deus se manifesta; mas não porque o lugar é sagrado, mas porque a “casa de Deus” está reunida ali (Efésios 2:22).

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