O Que são Dons Ministeriais?

Os dons ministeriais são dadivas do Senhor para o serviço espiritual na Igreja. Às vezes esses dons também são chamados de “dons de ofício”, “dons de serviço” ou “dons de liderança”. A lista clássica dos dons ministeriais é aquela registrada pelo apóstolo Paulo em sua Carta aos Efésios na qual ele menciona os apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres (Efésios 4:11).

No texto de sua Carta aos Efésios, Paulo escreve que os dons ministeriais são resultantes da obra redentora de Cristo, incluindo sua humilhação e exaltação. Nesse sentido, o apóstolo escreve que após sua humilhação, Cristo “subiu acima de todos os céus, para encher todas as coisas. E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres” (Efésios 4:11).

O propósito dos dons ministeriais

É interessante notar que Paulo fala dos dons ministeriais enfocando as pessoas que os recebem. Por exemplo: ele não fala em “apostolado, profecia, evangelismo, pastorado e ensino”, mas fala em “apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres”. E antes disso, Paulo escreveu que Cristo “concedeu dons aos homens” (Efésios 4:8). Aqui vale lembrar que a palavra dom significa “dádiva” ou “doação”

Tudo isso quer dizer que Paulo fala desses oficiais como se eles próprios fossem dádivas de Cristo para sua Igreja. O apóstolo argumenta que o Cristo exaltado no Céu deu à sua Igreja pessoas especialmente chamadas, capacitadas e comissionadas para os ministérios de apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres.

O mesmo apóstolo ainda deixa muito claro o propósito disso. Ele explica que esses dons foram concedidos por Cristo “com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do Corpo de Cristo, até que todos cheguem à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus […]” (Efésios 4:12,13).

Isso mostra que os dons ministeriais não são dados para o próprio interesse pessoal de quem os recebem, mas eles são dados por Cristo no interesse da Igreja. Esses dons são exigidos para a edificação do Corpo de Cristo.

Cada membro do Corpo de Cristo possui suas funções e recebe dons espirituais da parte do Senhor mediante a ação do Espírito Santo. Então de modo geral, todos os cristãos desempenham funções ministeriais, mas alguns são chamados para exercerem ofícios ministeriais formais.

Isso implica que esses oficiais possuem funções de supervisão na Igreja e que devem ser reconhecidos pelos demais cristãos que exercem os ministérios informações. Nesse sentido, os ministérios formais jamais devem ser vistos como contrastando com os ministérios informais, mas, antes, como seus facilitadores.

Então por serem dons de Cristo para a Igreja, aqueles que exercem os ministérios oficiais devem ser também objetos de amor da Igreja. Na verdade, o amor deve permear todo e qualquer exercício de dons (1 Coríntios 12-14). Além disso, a liderança que os oficiais exercem deriva do próprio Cristo que é quem realmente governa a Igreja (Efésios 4:15,16).

A organização dos dons ministeriais

Assim como as demais listas de dons espirituais, a lista de dons ministeriais apresentada pelo apóstolo Paulo não tem o objetivo de ser exaustiva. Em outra parte, por exemplo, o mesmo apóstolo fala dos ministros oficiais da Igreja citando os bispos (ou anciãos/presbíteros) e os diáconos (Filipenses 1:1). Nos tempos do Novo Testamento, os bispos/presbíteros eram aqueles que governavam e ensinavam a igreja, enquanto os diáconos eram responsáveis pelo ministério assistencial que cuidava das necessidades materiais dos crentes.

Mas a lista dos dons ministeriais em Efésios 4 apresenta uma organização mais sistematizada dos ministérios oficiais da Igreja. Muita gente fala dessa lista como que possuindo cinco dos ministeriais. Mas é amplamente aceito pelos estudiosos que Paulo tinha em vista apenas quatro grupos: 1) apóstolos; 2) profetas; 3) evangelistas; e 4) pastores e mestres.

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Apóstolos

A palavra “apóstolo” significa “aquele que é enviado” ou “mensageiro”. Na Bíblia, essa palavra é aplicada de diferentes formas. Por exemplo: o texto bíblico usa a palavra “apóstolo” para designar as pessoas que eram enviadas como representantes de igrejas locais. Essas pessoas eram “apóstolos da Igreja”.

Num sentido mais estrito, o texto bíblico também aplica a mesma palavra para se referir ao grupo dos doze homens que andaram com Jesus mais o apóstolo Paulo. Nesse sentido, essas pessoas eram “apóstolos de Jesus”.

E nessa lista de dons ministeriais a maioria dos intérpretes acredita que Paulo aplica a palavra “apóstolos” em seu sentido mais estrito. Isso quer dizer que ele parece ter em mente os apóstolos que foram os equivalentes neotestamentário dos profetas; ou seja, os apóstolos Jesus que serviram como agentes da revelação de Deus e produziram a Escritura do Novo Testamento. A Bíblia diz que esses apóstolos foram escolhidos por Jesus para lançarem os fundamentos da Igreja (Efésios 2:20).

Isso explica porque os apóstolos são mencionados em primeiro lugar na lista dos dons ministeriais. Sem dúvida eles ocuparam um ministério fundamental e singular na história da Igreja.

Então apesar de num sentido geral podermos dizer que todo crente que é enviado oficialmente por sua comunidade cristã local para pregar o Evangelho é um tipo de apóstolo, essas pessoas jamais devem ser confundidas ou equiparadas aos apóstolos que lideraram a Igreja Cristã em seus primeiros anos. Uma vez que a Escritura foi completada e os fundamentos da Igreja foram lançados, esse ofício se cumpriu ao fim da era apostólica.

Profetas

Num sentido mais amplo podemos dizer que todos crentes são profetas. Mas assim como ocorre com a palavra “apóstolos”, os estudiosos observam que Paulo aplica a palavra “profetas” em seu sentido estrito. Parece que Paulo tinha em mente algumas pessoas que eram especialmente comissionadas como profetas na Igreja Primitiva e faziam parte da liderança da Igreja (cf. Atos 13:1).

Num tempo em que a Escritura ainda não estava completa, esses profetas de certa forma transmitiam a revelação especial às igreja locais. Dessa forma, fazia parte do ministério dessas pessoas exortar, encorajar e advertir os crentes com base na interpretação da porção da Escritura que já estava disponível. De forma extraordinária, algumas vezes a atividade desses profetas incluía até alguma predição (Atos 11:28; 21:10,11).

Mas os profetas do Novo Testamento não foram usados por Deus para o recebimento da Escritura. Então os profetas mencionados por Paulo em sua lista de dons ministeriais não podem ser equiparados aos profetas do Antigo Testamento. Eles não exerceram uma atividade profética revelacional da mesma qualidade da atividade dos profetas veterotestamentários ou dos próprios apóstolos neotestamentários.

Evangelistas

Mais uma vez num sentido geral todos os crentes são evangelistas. É dever de todo cristão anunciar o Evangelho ao mundo. Mas quando Paulo fala dos evangelistas em sua lista de dons ministeriais, ele se refere àquelas pessoas especialmente equipadas pelo Espírito Santo com um dom especial para a evangelização. O diácono Filipe, foi exemplo, foi uma pessoa que também exerceu o ofício de evangelista na Igreja Primitiva (Atos 21:8; cf. Atos 8:26-40).

Pastores e mestres

É apropriado entender que as duas palavras, “pastores” e “mestres”, formam uma única expressão, “pastores e mestres”, que designa o mesmo grupo de indivíduos que exercem o ofício de liderança na Igreja local. O pastor-mestre é aquele que pastoreia e instrui o rebanho de Deus.

Essas palavras são consideradas em conjunto principalmente pelo fato de que na Bíblia não há nenhum exemplo de alguém que era autorizado a exortar, mas não era autorizado a ensinar, e vice e versa. Como a maioria dos estudiosos considera que esse grupo se refere aos ministros das congregações locais, tem sido amplamente aceito que aqueles que exercem o ofício de pastor-mestre sejam os mesmos chamados na Bíblia de “bispos”, “presbíteros” e “anciãos”, e que até hoje lideram a Igreja por meio da exposição da Palavra de Deus.

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