Quem Eram os Elamitas na Bíblia?

Os elamitas eram um povo que habitava a região de Elão no sul do planalto Iraniano nos tempos bíblicos. Os elamitas não são citados somente na Bíblia. Na verdade, a história do povo elamita é frequentemente mencionada nos registros de outros povos antigos.

O significado do nome “Elão” é incerto, mas alguns estudiosos argumentam que esse nome talvez possa significar “terra alta”. De qualquer forma, na língua elamita, o território de Elão era conhecido como “Haltamti”. Os assírios e babilônios referiam-se a ele como “Elamtu”, enquanto os gregos, que tiveram seu contato com a região durante os períodos de expansão helênica, chamavam-no de “Elymais” ou “Susiana”, derivado de sua capital, Susã. Esta cidade era o coração político e cultural de Elão e desempenhou um papel central na história e identidade elamita.

A língua elamita registra suas primeiras inscrições em uma forma ainda não totalmente decifrada, evoluindo para uma escrita cuneiforme por volta de 1600 a.C. Posteriormente, essa escrita foi adaptada e adotada pelos persas aquemênidas no final do século 6 a.C. Embora a língua elamita seja categorizada como não semítica, os estudiosos continuam debatendo sua relação exata com outros idiomas da região.

A história primitiva dos elamitas

Na história antiga, as raízes dos elamitas se estendem pelo menos até o final do quarto milênio antes de Cristo. Neste período inicial, marcado por influências da cultura de Jemdet Nasr, Elão começou a absorver e adaptar elementos da civilização mesopotâmica avançada. Embora arqueologicamente esta fase seja menos iluminada, com poucos artefatos que mostram diretamente as origens elamitas, as semelhanças culturais e tecnológicas sugerem um intercâmbio significativo com a Mesopotâmia.

A história primitiva dos elamitas é intrinsecamente ligada à de seus vizinhos sumérios. A dependência cultural de Elão sobre a Mesopotâmia, que começou nesse período primitivo, se manifestou em vários aspectos, desde a adoção da escrita cuneiforme até as práticas religiosas e artísticas. A influência da cultura sumeriana foi solidificada quando Eannatum de Lagash impôs a hegemonia sumeriana sobre Elão por volta de 2450 a.C. Este evento não apenas colocou Elão sob influência estrangeira, mas também integrou mais profundamente os elamitas nas dinâmicas políticas e culturais da região.

Depois, com o surgimento do Império Acadiano sob Sargão de Acade (2360-2305 a.C.), os elamitas experimentaram uma nova fase de interação cultural e política. A hegemonia acadiana trouxe consigo uma nova onda de influências mesopotâmicas, reforçando a presença acadiana em Elão e integrando ainda mais a região no complexo político e cultural da Mesopotâmia. Foi durante esse período que os elamitas adotaram a escrita cuneiforme suméria-acadiana.

Após o declínio do poder acadiano, os elamitas viram uma oportunidade para reafirmar sua independência. A região estabeleceu uma dinastia própria, destacando-se durante o período de enfraquecimento das cidades-estados sumérias. No entanto, a terceira dinastia de Ur eventualmente impôs seu domínio sobre Elão, até que os elamitas, sob lideranças dinâmicas, conseguiram não apenas recuperar sua independência, mas também exercer retaliação ao destruir Ur e levar seu último rei, Ibbi-Sin, como prisioneiro. Este evento foi um marco significativo, demonstrando a capacidade de Elão de se impor como uma potência regional.

A organização e o desenvolvimento dos elamitas

Durante o seu período de desenvolvimento, os elamitas estabeleceram uma estrutura de governo distinta, na qual os líderes eram conhecidos como governadores em vez de reis. Possivelmente esta nomenclatura refletia uma abordagem mais federativa ou confederativa ao governo em comparação com as monarquias absolutas típicas da Mesopotâmia. Além disso, os elamitas adotaram uma forma única de sucessão matrilinear, na qual o poder era transmitido através da linha feminina, com o novo governante sendo tipicamente o filho da irmã do governante anterior.

A ascensão subsequente de Kutir-Nahhunte trouxe uma nova fase de expansão para Elão. Sob seu reinado, Elão não apenas consolidou seu controle sobre áreas significativas da Mesopotâmia, mas também desafiou poderosos adversários como Hamurabi da Babilônia.

Depois, por volta de 1200 a.C., teve início o período clássico em Elão. Após séculos de subjugação e conflitos com poderes mesopotâmicos, os elamitas conseguiram recuperar sua independência e se estabelecer como uma força considerável na geopolítica da região. Uma série de governantes eficazes e ambiciosos expandiram o poder elamita além de suas fronteiras tradicionais.

Sob a liderança de reis como Shutruk-Nakhunte, os elamitas empreenderam campanhas militares agressivas que culminaram na invasão e saque da Babilônia em 1160 a.C. Este ato serviu para consolidar o status de Elão como uma potência regional, além de permitir que os elamitas controlassem uma das cidades mais significativas da região, fazendo dela um satélite de seu império.

Durante este período, a arquitetura e as artes elamitas alcançaram novos patamares, com a construção de grandiosos templos e palácios em Susã e em outras cidades importantes do império. As escavações arqueológicas em Susã revelaram troféus de suas conquistas, incluindo relíquias de cidades babilônicas saqueadas, como o pilar do Código de Hamurabi e a Estela da Vitória de Naram-Sin, que foram exibidos publicamente para celebrar o domínio elamita.

O declínio elamita

A hegemonia elamita enfrentou desafios significativos de poderes emergentes na região, especialmente da Babilônia. Nabucodonosor I capturou e saqueou Susã por volta de 1130 a.C. Esse evento marcou o início de um período de declínio para Elão. Apesar de breves períodos de recuperação, Elão nunca mais recuperou sua posição anterior de domínio. Este declínio foi exacerbado pelas crescentes pressões dos impérios assírios, que usaram diplomacia e força militar para fragmentar e eventualmente subjugar Elão.

Então, durante os séculos seguintes, os elamitas se viram frequentemente em conflito com os assírios, cujas campanhas contra Elão foram brutalmente eficazes. Os assírios não só colocaram reis marionetes no trono elamita, mas também saquearam repetidamente Susã, culminando no devastador ataque de Assurbanipal em 640 a.C., que marcou o fim efetivo de Elão como uma entidade política independente.

No século 6 a.C., o rei Nabucodonosor II expandiu o Império Babilônico, consolidando o controle sobre vastas regiões, incluindo Elão. A conquista babilônica resultou na redução significativa da independência política de Elão, e Susã, a capital elamita, foi integrada ao império como uma importante província administrativa e militar.

Porém, com a chegada dos persas, liderados por Ciro, o Grande, mais uma vez os elamitas experimentaram mudanças no poder da região. Ciro conquistou a Babilônia em 539 a.C. e, com isso, assumiu controle sobre os territórios que incluíam Elão. Diferentemente dos babilônicos, os persas adotaram uma abordagem mais integrativa e menos destrutiva para com os territórios conquistados.

Susã tornou-se uma das capitais do Império Aquemênida, juntamente com Pasárgada e Persépolis. A cidade foi revitalizada e expandida, tornando-se um centro administrativo e um dos locais de residência do rei persa durante certos períodos do ano. Os elamitas, sob o governo persa, foram integrados ao império; eles serviram em várias capacidades, desde funcionários administrativos até membros do exército persa. A língua elamita também continuou a ser usada para administração local e registros oficiais, destacando uma certa continuidade cultural.

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Os elamitas na Bíblia

Biblicamente, os elamitas são mencionados várias vezes. Primeiro, Elão, o progenitor dos elamitas, aparece na lista das nações após o dilúvio como um dos descendentes de Sem, filho de Noé (Gênesis 10:22). Mas apesar de os elamitas descenderem de Sem, eles não são classificados como semitas em termos etnolinguísticos.

Um dos episódios mais notáveis envolvendo os elamitas na Bíblia está registrado em Gênesis 14, onde Quedorlaomer, o rei de Elão, liderou uma coalizão de reis em uma série de batalhas contra as cidades da planície, incluindo Sodoma e Gomorra. Este evento ilustra a extensão do poder e da influência de Elão durante o segundo milênio a.C. Além disso, as tábuas cuneiformes encontradas em Mari corroboram a presença de mercenários elamitas nos exércitos da Mesopotâmia, ressaltando a importância militar de Elão.

Os elamitas também são mencionados em contextos de exílio e julgamento divino. O profeta Isaías referiu-se a Elão como um dos lugares onde o Senhor resgataria o remanescente de Israel (Isaías 11:11). Em outra parte, o mesmo profeta também mencionou Elão como uma das ameaças externas a Judá por causa de sua infidelidade a Deus (Isaías 22:6). Ciro, o Grande, mencionado por Isaías como um escolhido de Deus que marcaria a história do povo da aliança, era originário de uma província elamita.

Mais tarde, o profeta Jeremias profetizou um julgamento severo sobre Elão, mas também uma promessa de restauração futura, refletindo a dualidade de julgamento e misericórdia que caracteriza muitas das profecias bíblicas (Jeremias 49:34-39).

No livro de Ester, a cidade de Susã, antiga capital de Elão, serviu como cenário principal para a narrativa da jovem judia que se tornou princesa da Pérsia ao se casar com o rei Assuero. O livro destaca o grande número de judeus residentes naquela região, e registra como esse povo foi salvo da aniquilação arquitetada por Hamã, um oficial do imperador persa. Ezequiel foi outro profeta que também anunciou a queda de Elão (Ezequiel 32:16,24). No registro de Esdras, os elamitas são mencionados entre os habitantes de Samaria que tinham sido deportados pelos assírios (Esdras 4:9,10).

Finalmente, Elão é mencionado também no Novo Testamento, durante o evento de Pentecostes (Atos 2:9). O texto bíblico descreve os elamitas entre aqueles que ouviram os apóstolos falarem milagrosamente em seus próprios idiomas. Essa referência reflete bem a disseminação inicial do Cristianismo primitivo e a inclusão de povos de regiões distantes, como Elão, nas primeiras comunidades cristãs, sublinhando a universalidade da mensagem do Evangelho.

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