O Que a Bíblia Diz Sobre a Morte?

A Bíblia diz que a morte é a cessação da existência física. Biblicamente o ser humano é uma unidade complexa constituída por um lado material e outro espiritual. Então a morte é a quebra dessa unidade à medida que a vida cessa no corpo físico.

A Bíblia fala da morte em várias passagens. Muitas vezes essas passagens destacam a morte como simplesmente a perda da vida (cf. João 13:37,38). Mas um dos textos bíblicos mais emblemáticos nesse sentido é aquele registrado no capítulo 12 do livro de Eclesiastes no Antigo Testamento. Nele, o autor bíblico escreve: “E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu” (Eclesiastes 12:7).

Esse versículo é interessante porque ele afirma de forma muito clara a natureza da morte como sendo a separação do corpo e do espírito. O mesmo entendimento é reafirmado no Novo Testamento por Tiago ao dizer que sem o espírito, o corpo está morto (Tiago 2:26). A questão da morte é abordada dentro da teologia de forma sistemática na matéria de escatologia, dentro de sua subdivisão geralmente denominada “escatologia individual”.

Os três tipos de morte na Bíblia

A Bíblia não fala apenas da morte física. Na verdade, além da morte física a Bíblia fala de outros dois tipos de morte: a morte espiritual e a morte eterna. Então enquanto a morte física é a separação do espírito e do corpo, a morte espiritual é a separação entre o homem e Deus.

A morte espiritual é uma realidade enquanto a pessoa ainda está viva fisicamente. Em seu estado de morte espiritual, o homem é incapaz de fazer o bem espiritual. Inclusive, fora de Cristo a morte espiritual é comum a todos os homens. Todos os que estão vivos espiritualmente têm vida espiritual somente porque foram vivificados enquanto estavam mortos em seus delitos e pecados (Efésios 2:1,2).

Já a morte eterna é a separação permanente e irreversível da presença graciosa de Deus. A morte eterna é decorrente da morte espiritual e subsequente à morte física. Em outras palavras, a pessoa que morre fisicamente sem que seu estado de morte espiritual seja revertido, passa a experimentar a morte eterna, que é a concretização de seu estado de perdição eterna. Esse tipo de morte é chamado na Bíblia, no livro do Apocalipse, de “segunda morte” (Apocalipse 21:8).

A origem da morte

A Bíblia não deixa qualquer dúvida de que a origem da morte está no pecado, no sentido de que o resultado direto do pecado trouxe a morte ao mundo. O apóstolo Paulo fala sobre isso ao escrever que “por um só homem estrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Romanos 5:12-14). O mesmo apóstolo também escreve que o salário do pecado é a morte (Romanos 6:23).

Até existe alguma discussão entre os estudiosos sobre se a morte fazia parte da condição humana original. Em outras palavras, a questão levantada é se Adão e Eva foram criados mortais ou imortais. E mais, se eles não tivessem pecado, mesmo assim eles teriam morrido?

A Bíblia diz que quando Deus falou ao primeiro casal sobre a proibição relacionada à árvore do conhecimento do bem e do mal, Ele deixou muito claro: “no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gênesis 2:17). É óbvio que essa ameaça não inclui apenas a morte espiritual, mas também a morte física, já que o caminho para a árvore da vida seria bloqueado (cf. Gênesis 3:22,23).

Então quando entendemos que a morte entrou no mundo por causa do pecado como um julgamento de Deus, fica fácil perceber que a morte não fazia parte da condição original do homem. Isso quer dizer que embora Adão e Eva não fossem inerentemente imortais, eles foram criados com a possibilidade de viverem para sempre.

Portanto, a morte não era parte da intenção original de Deus para a humanidade; ela não fazia parte da ordem natural da criação do ser humano, mas passou a fazer parte da ordem caída. Embora Adão e Eva pudessem viver para sempre mediante à obediência, eles tinham potencial para a mortalidade mediante a desobediência. E quando finalmente eles transgrediram a vontade de Deus, essa possibilidade se tornou realidade dando origem à morte.

Os efeitos da morte

Todos os seres humanos estão sentenciados à morte, pois todos são pecadores. E para todos, a morte é uma transição deste mundo para outro mundo. Mas o estado de existência no mundo vindouro após a morte não é o mesmo para todos. Na verdade, ele é essencialmente diferente para uns e para outros.

Nesse sentido, há uma diferença muito grande entre o significado da morte para o ímpio e para o crente. Para o ímpio, a morte é uma maldição, uma penalidade. Apesar de a morte não significar a extinção da pessoa, ela implica no fato de que a pessoa do ímpio jamais poderá desfrutar da bem-aventurança eterna ao lado de Deus.

Já para o crente, a morte significa uma oportunidade de estar com o Senhor para sempre. Isso é possível porque Cristo recebeu a maldição da morte no lugar daqueles a quem Ele redimiu (Gálatas 3:13). Na pessoa de Cristo, a penalidade da morte foi paga; seu poder destruidor foi destruído. Por isso o questionamento do apóstolo Paulo: “Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?” (1 Coríntios 15:55-57).

Mas nesse ponto algumas pessoas não entendem por que os crentes, que já foram libertados da culpa do pecado, ainda precisam passar pelo maior símbolo da condenação do pecado, que é a morte. Essa dificuldade é resultante da confusão entre os efeitos do perdão de Deus e as consequências do pecado, em seus aspectos temporal e eterno.

Por exemplo: quando uma pessoa comete um crime, ela pode ser perdoada por Deus por seu pecado, mas ainda assim precisará lidar com as consequências legais de seus atos. Seu pecado não terá mais implicações eternas, mas as implicações temporais terão de ser enfrentadas. A morte física pode ser enxergada sob esse aspecto.

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Esperança na morte

Em Cristo, os crentes têm a garantia de que seus pecados foram perdoados e suas consequências eternas foram removidas mediante a justificação. Por isso eles foram ressuscitados espiritualmente e jamais passarão pela morte eterna (Apocalipse 20:6). Mas por outro lado, a morte física, dentro do campo do sofrimento, passou a ser uma das regras da existência humana, ou seja, a morte faz parte da vida terrena como uma consequência temporal do pecado — assim como outros tipos de sofrimento.

Extraordinariamente Deus pode suspender essa regra como Ele fez com Enoque e o profeta Elias; e também fará com os crentes que estiverem vivos na ocasião da volta do Senhor Jesus Cristo, quando todos os efeitos do pecado serão definitivamente removidos. Mas até lá, a morte física continuará sendo parte da experiência da vida terrena.

No entanto, mais uma vez é importante afirmar que os crentes verdadeiros veem a morte como um inimigo vencido. Ela ainda pode lhes causar dor, mas não mais destruição. Nesse sentido, os crentes não encaram a morte com desespero, mas com esperança; não encaram a morte como um instrumento de maldição, mas como um meio de ser conduzido à presença do Senhor.

Por isso o apóstolo Paulo chegou a falar da morte como um lucro, ao expressar seu desejo de, através dela, “partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor” (Filipenses 1:23). Além disso, os crentes ainda são confortados com o fato de que a Palavra de Deus promete que seus corpos jamais estarão definitivamente perdidos, pois haverá uma ressurreição final, garantida pela própria ressurreição de Cristo (1 Coríntios 15:20-23; cf. Romanos 8:9-11).

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