No primeiro dia da criação Deus realizou atos que estabeleceram os fundamentos para toda a existência do mundo criado. Foi no primeiro dia da criação, por exemplo, que Deus não apenas iniciou o Seu processo criativo, mas também começou dar forma e ordem à Sua obra criada. A criação da luz, logo neste primeiro dia, mostra isto (Gênesis 1:1-5).
Embora os eventos que ocorreram no primeiro dia da criação superam o limite da compreensão humana, é fácil entender que este dia marcou o início dos atos criativos de Deus registrados em Gênesis 1, e de forma atemporal serve como um testemunho a todas as gerações a respeito do poder e da soberania de Deus.
Deus criou os céus e a terra no primeiro dia da criação?
O texto bíblico diz que no princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra, porém, estava sem forma e vazia, e havia trevas sobre a face do abismo. Em seguida, o texto registra que Deus criou a luz (Gênesis 1:1-3). Ao longo do tempo os estudiosos têm debatido a respeito da melhor maneira de organizar e interpretar estas informações iniciais de Gênesis 1.
Alguns entendem que a criação dos céus e da terra fez parte de um ato criativo divino precedente ao primeiro dia da criação. Quem pensa assim, defende que inicialmente, antes do primeiro dia, Deus trouxe à existência uma massa informe e desordenada, envolta em trevas e caos aquático. Então, o primeiro dia da criação marcou o início do processo criativo através do qual Deus transformou essa massa primitiva numa obra acabada.
Geralmente quem adota esta interpretação sugere que entre a criação inicial dos céus e da terra no versículo 1, e o primeiro dia quando a luz foi criada a partir do versículo 3, há um espaço de tempo indeterminado.
Porém, a interpretação mais tradicional é a de que a criação inicial dos céus e da terra ocorreu dentro do primeiro dia, e antes disso nada havia sido criado. Mas dentro dessa interpretação, também há algumas diferenças sobre como a declaração bíblica de Gênesis 1:1, de que no princípio Deus criou os céus e a terra, deva ser interpretada. Alguns defendem que essa declaração se refere ao primeiro evento do primeiro dia da criação, e os atos criativos subsequentes deram forma e ordem a esse primeiro evento.
Já outros acreditam que essa declaração de Gênesis 1:1 basicamente é um sumário de todo o registro da criação, ou seja, se refere a toda a atividade criativa de Deus relatada no decorrer do capítulo. Assim, a expressão “céus e terra” do versículo 1, significa todo o cosmo organizado que foi criado por Deus no princípio da história, e a partir do versículo 3, o texto de Gênesis apenas relata como tudo isso aconteceu ao longo de seis dias, quando, do nada, Deus criou, ordenou e preparou todas as coisas – embora, de fato, não haja um versículo específico registrando a criação inicial da massa informe.
O primeiro dia da criação foi um dia literal de 24 horas?
A interpretação dos “dias” da criação também é um tópico de grande discussão. Alguns veem os dias como períodos literais de 24 horas, enquanto outros os interpretam como eras extensas ou períodos simbólicos. Essa variedade de interpretações reflete a complexidade e a profundidade do texto bíblico, bem como a tentativa de harmonizar a narrativa bíblica com o conhecimento científico moderno.
De fato, a palavra hebraica yom, traduzida como “dia”, pode ter várias aplicações e significados na Bíblia, incluindo um período de 24 horas, um ano, ou um período indeterminado. Porém, quando essa palavra hebraica é acompanhada por um número ordinal no texto bíblico, sempre se refere a um dia literal. Portanto, geralmente a interpretação mais aceita é a de que a leitura natural do texto de Gênesis 1 sugere a ideia de que o primeiro dia da criação foi um dia literal.
A criação da luz e o estabelecimento do ciclo diário no primeiro dia
No primeiro dia da criação, a Bíblia registra que Deus criou a luz pelo poder de Sua Palavra. O texto bíblico relata que Deus disse: “Haja luz”, e houve luz (Gênesis 1:3). Este ato de falar a luz à existência demonstra o incomparável poder da Palavra de Deus.
A criação da luz, um elemento fundamental para a vida, foi o primeiro ato criativo de Deus para trazer estrutura ao caos da massa informe e estabelecer o processo de formação e preparação do cosmo organizado. É interessante notar que a luz foi criada mesmo antes dos corpos celestes que conhecemos, como o sol, a lua e as estrelas. Isso sugere que a luz se originou diretamente de Deus, uma ideia apoiada por passagens como João 1:5 e Salmos 104:2.
O texto ainda diz que Deus viu que a luz era boa (Gênesis 1:4). Isso implica que, apesar das trevas e do caos pré-existentes, a criação é imbuída com a bondade de Deus. A criação serve a propósitos úteis e é limitada e ordenada por Deus, refletindo Sua bondade e propósito.
Também no primeiro dia da criação do mundo, Deus fez a separação entre a luz e as trevas (Gênesis 1:4). Deus, então, chamou à luz “dia”, e às trevas, “noite” (Gênesis 1:5). Com essa ação, Deus não apenas deu nomes à luz e às trevas, mas também estabeleceu o ciclo de tempo que conhecemos como dia e noite. A cada dia, as trevas da noite são dissipadas pela luz da manhã, e este ciclo é fundamental, pois regula os ritmos naturais e proporciona um ambiente propício para o desenvolvimento da vida na terra.
A importância do que Deus criou no primeiro dia da criação
O primeiro dia da criação nos lembra do poder criativo de Deus e de Sua autoridade sobre todo o universo. Ele fala, e as coisas vêm à existência. Este evento inicial estabeleceu o tom para o restante da criação, onde Deus continuou demonstrando Seu poder, sabedoria e amor.
O primeiro dia da criação também revela que a existência do universo não é um acidente, nem uma emanação divina, mas um ato deliberado e poderoso de Deus. Este entendimento nos convida a respeitar profundamente a obra da criação e a reconhecer a soberania de Deus em todas as coisas.
A criação da luz e sua separação das trevas no primeiro dia da criação, foram atos importantes que não apenas moldaram o universo físico, mas também estabeleceram princípios espirituais que permeiam toda a Escritura. Frequentemente a luz aparece na Bíblia como um símbolo de tudo o que é bom, puro e proveniente de Deus, e por isto é associada a Cristo, à Palavra de Deus, à presença, à glória e a bênçãos divinas.
Por outro lado, as trevas representam a desordem, a condenação e a ausência de Deus. Por isto são associadas ao pecado, à morte, ao julgamento e a Satanás. Então, a distinção da luz das trevas no primeiro dia da criação do mundo, de certa forma reflete a incompatibilidade entre esses dois reinos e estabelece um princípio de separação exigido por Deus. Essa separação é um chamado para o povo de Deus viver de maneira distinta do mundo, evitando a contaminação espiritual e moral.