Onde Começa o Novo Testamento?

O Novo Testamento começa com o livro de Mateus na organização da Bíblia Cristã. O escrito de Mateus é seguido pelos escritos de Marcos, Lucas e João. Juntos, esses quatro livros são chamados de Evangelhos, pois registram os acontecimentos que ocorreram durante o ministério terreno do Senhor Jesus Cristo no cumprimento da obra da redenção.

Mas a questão sobre onde começa o Novo Testamento possui outras implicações que vão além de uma mera organização de livros dentro da Bíblia Cristã. Na verdade, o Novo Testamento traz o estágio final da revelação e da aliança de Deus com o homem.

A estrutura do Novo Testamento

O leitor que começa a ler o Novo Testamento, percebe que os quatro Evangelhos que introduzem essa segunda divisão da Bíblia Cristã, se complementam. Mas ele também percebe que os três primeiros Evangelhos possuem muitas semelhanças. Por isso esses três Evangelhos que começam o Novo Testamento são chamados de Evangelhos Sinóticos.

Após o começo do Novo Testamento na Bíblia com os quatro Evangelhos, há também o livro de Atos dos Apóstolos. Como o próprio nome já diz, esse livro basicamente registra o trabalho dos apóstolos nos primeiros anos da Igreja Cristã após a ascensão de Jesus Cristo ao Céu. Esse livro ainda mostra como o Evangelho começou a ser propagado para fora da Judeia e alcançou várias cidades do mundo greco-romano.

Em seguida, o Novo Testamento traz uma coleção de epístolas que registram importantes instruções doutrinárias para a Igreja de Cristo. Essas epístolas foram, primeiramente, escritas para algumas comunidades cristãs locais do primeiro século; ou para alguns cristãos que participavam ativamente na obra do Senhor nessas comunidades. No entanto, os conteúdos dessas epístolas são atemporais e servem de princípios doutrinários para os cristãos de todas as épocas e lugares.

Por último, o Novo Testamento chega ao fim com o livro do Apocalipse. Nesse livro — endereçado originalmente para sete igrejas da Ásia Menor — o apóstolo João registrou as revelações que ele recebeu do Senhor Jesus enquanto esteve exilado pelo governo romano da Ilha de Patmos. Mas esse livro possui um forte apelo escatológico, e sua mensagem abrange todo o período entre a primeira e a segunda vinda de Cristo.

Uma curiosidade é que entre o final dos livros do Antigo Testamento e o começo do Novo Testamento, houve um intervalo de quase quatrocentos anos. Durante esse período, nenhum material canônico foi produzido; ou seja, não houve revelação inspirada da parte do Senhor para compor a Escritura.

O fim do Antigo Testamento e o começo do Novo Testamento

É importante que a pergunta sobre onde começa o Novo Testamento não seja acompanhada por um entendimento equivocado que faz uma divisão artificial entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento.

Algumas pessoas têm a tendência de pensar que há uma contradição entre o Antigo e o Novo Testamento, de modo que o começo do Novo Testamento coloca fim em qualquer utilidade e importância do Antigo Testamento. No entanto, esse tipo de pensamento é completamente equivocado diante de três princípios que devem ser considerados.

O Novo Testamento cumpre o Antigo Testamento

Em primeiro lugar, é preciso saber que o Novo Testamento cumpre o Antigo Testamento. Fica mais fácil entender essa questão quando percebemos que a revelação de Deus para a humanidade ocorreu dentro da estrutura de alianças. Após criar o primeiro casal, Deus fez um pacto com Adão e Eva que exigia a obediência pessoal deles.

Adão e Eva tinham tudo para cumprir esse pacto, mas acabaram fracassando. Já que Adão era o representante da humanidade, a sua queda foi a queda de toda a raça humana. Então Deus revelou um novo pacto para resgatar o homem do pecado.

Como o primeiro pacto era baseado na obediência pessoal do homem, geralmente ele é chamado de “aliança das obras”. Já o segundo pacto é chamado de “aliança da graça”, pois não é mais baseado na obediência pessoal do homem, mas na pessoa e obra de Cristo. A aliança da graça, na verdade, é a manifestação histórica da aliança da redenção que o Deus triúno fez consigo mesmo antes de o mundo ser criado.

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O Novo Testamento revela um estágio superior da revelação de Deus

Em segundo lugar, a revelação de Deus dentro da história da redenção ocorreu de forma progressiva. Por isso a aliança da graça foi expressa em vários estágios subsequentes. Um desses estágios foi aliança que Deus estabeleceu com Israel através de Moisés no Sinai; e que foi regulamentada por uma série de formas e disposições legais. A maior parte do Antigo Testamento registra o desenvolvimento dessa aliança mosaica.

Então quando o Novo Testamento começou, um novo estágio da aliança da graça foi inaugurado. Esse novo estágio é chamado de “nova aliança” em comparação à antiga aliança, porque nela são cumpridas as formas e as expectativas que foram apenas prenunciadas na antiga aliança.

Então não há uma contradição entre a antiga aliança e a nova aliança, pois ambas são apenas diferentes estágios da mesma aliança essencial. O que ocorre entre uma e outra é um desenvolvimento e um cumprimento que mostram que a nova aliança é o estágio superior que revela o ponto culminante da aliança da graça.

Enquanto a antiga aliança foi mediada por Moisés, a nova aliança foi mediada por Cristo, o Filho de Deus. Ao instituir a nova aliança, Cristo não apenas obedeceu e consumou todas as estipulações da antiga aliança, mas também cumpriu integralmente a aliança das obras original na qual Adão fracassou. Por isso, inclusive, o Novo Testamento chama Cristo de “o segundo Adão”.

O Novo Testamento e a obra de Cristo

Em terceiro lugar, o Novo Testamento mostra que por meio de sua vida e sua morte, Cristo apresentou ao mundo a revelação suprema e final de Deus para a humanidade. Nos tempos antigos, parte essencial de uma aliança era a palavra de quem estabelecia a aliança. Cristo, no entanto, é a própria encarnação da Palavra de Deus (João 1).

Quando a antiga aliança foi instituída no Antigo Testamento, Moisés aspergiu sobre o povo sangue de um animal sacrificado declarando que aquele era o sangue da aliança que o Senhor estava estabelecendo com o seu povo (Êxodo 24:8). Mas no Novo Testamento, encontramos Jesus Cristo instituindo a nova aliança por seu próprio sangue derramado em favor de seu povo (Lucas 22:20).

Em outras palavras, a morte sacrifical de Cristo validou a nova aliança e garantiu que os compromissos da aliança da graça fossem plenamente honrados. Além disso, sua morte ainda confirmou o testamento que dá aos crentes o direito de receber a herança eterna prometida (cf. Hebreus 9:15-17). Então quando alguém procura saber onde começa o Novo Testamento, também é indispensável que essa pessoa entenda todos esses princípios.

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