Qual o Significado de “Novos Céus e Nova Terra” em Isaías 65:17?
O significado dos novos céus e nova terra em Isaías 65:17 é sempre muito debatido entre os estudiosos. O contexto geral dessa passagem está dento de uma seção do livro de Isaías que aborda o poder de Deus e seus atos redentores em favor de seus escolhidos. Então, Isaías fala sobre as bênçãos que Deus tem para o seu povo fiel, e a criação de novos céus e nova terra faz parte disto.
Numa aplicação primária da profecia de Isaías, é possível notar que o profeta focaliza o retorno dos remanescentes fiéis do cativeiro babilônico e a restauração de Judá. Porém, sua profecia também parece se estender além desse ponto, abordando escatologicamente até mesmo o livramento final do povo de Deus, o que inclui o conceito de novos céus e nova terra.
Nesse sentido, a profecia de Isaías anuncia o estabelecimento e a consumação do Reino de Deus ao longo da história. Ele trata desde a situação do povo da aliança no exílio e sua consequente restauração, o advento e ministério do Messias, o governo presente de Cristo e suas bênçãos para a Igreja em todas as nações, até a consumação final de seu reino de justiça e retidão na restauração de todas as coisas.
Porém, como é comum na literatura profética, Isaías usa muita linguagem poética, simbólica ou metafórica. Por causa disso, a interpretação específica de suas palavras tem sido motivo de debate entre os estudiosos. Predominantemente, identificam-se três linhas interpretativas principais: a primeira sugere uma leitura metafórica centrada em uma visão idealizada de Jerusalém restaurada; a segunda e a terceira, respectivamente, propõem interpretações um pouco mais literais — embora não totalmente, apontando para o advento do milênio ou a concepção do estado eterno.
Dificuldades de interpretação sobre os novos céus e a nova terra em Isaías 65:17
Todas essas abordagens acerca dos novos céus e nova terra em Isaías 65:17 apresentam desafios interpretativos particulares. Por exemplo: enquanto a expressão “novos céus e nova terra” de fato alude à eternidade no cânone bíblico, as menções a aspectos como velhice e morte obviamente destoam da doutrina bíblica a respeito da vida vindoura na eternidade ao lado Deus. A Bíblia não deixa qualquer dúvida de que no estado eterno não haverá mais morte (Romanos 8:21-23; Apocalipse 21).
As visões pré-milenistas também precisam lidar com a dificuldade de que a profecia de Isaías parece superar a concepção de um reino temporal e terreno. Na verdade, o maior desafio nesse sentido é explicar como a criação de “novos céus e nova terra” profetizada por Isaías, pode se referir apenas a um milênio na terra, visto que em todas as outras passagens bíblicas que trazem essa expressão ela sempre se refere ao estado eterno (cf. 2 Pedro 3:13; Apocalipse 21:1).
Até mesmo quem adota a abordagem metafórica da Jerusalém restaurada e ideal, também enfrenta alguma dificuldade em discernir até que ponto as descrições de Isaías são puramente simbólicas, e quando essas descrições se referem a previsões de eventos futuros concretos.
A metáfora de uma Jerusalém restaurada, por exemplo, pode ser vista como uma representação da redenção espiritual e da prosperidade futura do povo de Deus. No entanto, determinar os limites dessa metáfora pode ser complexo, especialmente ao considerar passagens que descrevem benefícios tangíveis e específicos (como longevidade, paz e segurança). A interpretação metafórica exige um equilíbrio delicado entre reconhecer o valor simbólico das profecias e a possibilidade de cumprimentos literais no contexto da história do povo de Deus e da esperança escatológica cristã.
Qual a melhor interpretação sobre Isaías 65:17?
A melhor interpretação desse texto geralmente dependerá da forma como cada pessoa entende a escatologia bíblica na literatura profética. Por exemplo: os cristãos que seguem alguma linha pré-milenista em sua escatologia, geralmente enxergam nesse texto uma referência ao milênio. Já os cristãos que preferem as linhas pós-milenista e amilenista, frequentemente interpretam esse texto como uma referência à eternidade.
Dentre todas as possíveis abordagens, a que parece superar suas dificuldades mais facilmente é a interpretação de que a criação de novos céus e nova terra, mencionada em Isaías 65:17, refere-se à restauração de todas as coisas em um estado eterno, onde o reino de Deus alcançará sua forma plena e final.
As descrições de elementos da vida nesse texto, como velhice e morte, podem ser explicadas, em certa medida, como simbólicas ou figuradas, destinadas a transmitir verdades espirituais profundas de uma maneira acessível aos ouvintes e leitores contemporâneos de Isaías. Nesse sentido, o profeta Isaías poderia estar utilizando os conceitos e experiências de seu tempo para descrever realidades que transcendem a compreensão humana.
Assim, as descrições da vida terrena nas profecias seriam uma maneira de Isaías comunicar a esperança escatológica aos seus contemporâneos, usando imagens concretas para falar, simbolicamente, de realidades últimas e transcendentes.
Inclusive, é possível combinar esse tipo de abordagem com a interpretação de uma linguagem metafórica para a restauração que se seguiu após o período do exílio, culminando na vinda do Messias prometido. É possível, por exemplo, que essa profecia aborde tanto as bênçãos espirituais que já agora os crentes desfrutam em sua comunhão com Deus através de Cristo, como também o cumprimento final dessas bênçãos numa realidade superior como àquela que se dará na eternidade.