Uma Vez Salvo, Salvo Para Sempre?

Uma vez salvo, salvo para sempre? Esta tem sido uma das perguntas mais polêmicas entre os cristãos. Alguns dizem que sim, uma vez salvo, salvo para sempre. Já outros defendem de forma irredutível que esta frase está completamente errada. Quem pensa assim afirma, inclusive, que a ideia de que uma vez salvo, salvo para sempre, induz a uma vida de pecado.

Mas essa discussão não é nada recente. Na verdade esse debate já dura muitos séculos, e surgiu antes mesmo da Reforma Protestante, persistindo até os dias atuais. Infelizmente muita gente aborda este tema com extremos preconceito, e até mesmo colocam suas opiniões pessoais ou tradições denominacionais acima das Escrituras. Neste estudo veremos de forma resumida o que realmente a Bíblia diz sobre a frase “uma vez salvo, salvo para sempre”.

Uma vez salvo, salvo para sempre? Posso perder a salvação?

Primeiramente precisamos ter ciência de que nem todos que se cristãos são, de fato, salvos em Cristo Jesus. Em última análise, apenas Deus sabe quem é um cristão genuíno e quem não é. Ele é quem conhece o profundo do coração do homem.

Obviamente muitas pessoas dão indícios claros de que não são comprometidas verdadeiramente com a Palavra de Deus. Elas vivem suas vidas de um modo completamente pecaminoso e contrário aos mandamentos do Senhor.

No entanto, há muitas pessoas que possuem aparência de cristãos piedosos, mas não verdade não são. Essas pessoas enganam a Igreja, a liderança e até os ímpios. Elas falam em nome de Deus, curam doentes, pregam de forma emocionante, cantam muito bem, expulsam demônios, e fazem uma variedade de coisas impressionantes. Porém, essas pessoas só não conseguem enganar a Deus. O próprio Senhor Jesus falou sobre essas pessoas:

Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas?
E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.
(Mateus 7:22,23)

Note que Jesus diz claramente: “Nunca voz conheci”. Em nenhum momento Jesus disse: “Eu conhecia vocês, porém me esqueci”. Logo, sabemos então que existem os salvos verdadeiros e aqueles que apenas parecem salvos.

Sobre os salvos verdadeiros, a Bíblia é muito clara ao dizer que estes não se perdem. Sim, o verdadeiro cristão pode dizer: uma vez salvo, salvo para sempre. Existem muitos textos bíblicos que explicam essa condição. O capítulo 10 do Evangelho de João é um dos mais objetivos nesse sentido.

As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem;
E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão.
Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai.
(João 10:27-29)

Jesus foi muito claro no que disse. Ele não deixou ao menos espaço para dúvidas ou especulações. Ele é enfático em dizer que, para que uma de suas ovelhas (crentes verdadeiros) se perca, é preciso que alguém as tome da mão do Pai. Sinceramente não conheço ninguém que seja tão poderoso assim.

No versículo 5 do mesmo capítulo, Jesus também afirma algo muito interessante. Contando uma parábola, Ele diz que os salvos verdadeiros nunca serão enganados, pois conhecem a voz do seu Pastor.

Mas de modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos.
(João 10:5)

A apostasia faz um salvo perder a salvação?

Neste ponto alguns argumentam que realmente a ameaça externa não pode fazer com que alguém perca a salvação, mas a interna, ou seja, a própria vontade da pessoa, pode tirá-la da mão do Pai. Mas aí surge uma pergunta: O que levaria um cristão verdadeiro a querer perder a salvação? Seria isto possível? Segundo Jesus definitivamente não. Veja:

Mas aquele que tomar da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna.
(João 4:14)

Declarou-lhes Jesus. Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim, de modo algum terá fome, e quem crê em mim jamais terá sede.
(João 6:35)

Se uma pessoa que é verdadeiramente salva, por vontade própria quisesse perder a salvação, então significaria que Jesus errou nos versículos acima, pois quem toma da água que Ele dá, em algum momento, poderá sentir sede novamente.

Que ótimo que não foi isto que Jesus disse. Ao contrário, Ele foi claro ao dizer que aquele que toma de sua água “nunca terá sede”. O profeta Jeremias também fala sobre como Deus pode colocar no coração do homem o seu temor, para que o homem nunca se aparte d’Ele (Jeremias 32:40).

Quem acredita que uma pessoa pode perder a salvação por causa de sua própria escolha, sempre apela para a questão da apostasia. Porém, biblicamente a apostasia só é cometida por cristãos nominais. São pessoas que professam uma fé histórica, e não salvadora. Essas pessoas nunca tiveram um novo nascimento.

Um dos versículos mais utilizados para defender a possibilidade de um verdadeiro cristão apostatar da fé, é o texto de Hebreus 6:4,5. Infelizmente esse texto é utilizado frequentemente de forma isolada de seu contexto. Obviamente o texto de Hebreus trata de um caso severo de apostasia, porém não se refere à pessoas que realmente nasceram de novo. Na verdade o próprio escritor de Hebreus indica que há uma distinção de pessoas no foco de seu texto (Hebreus 6:9).

Além disso, Hebreus 6:4,5 precisa se harmonizar com outras passagens bíblicas como Mateus 7:22,23 e João 10. Na Bíblia Sagrada não há qualquer contradição. Se um texto bíblico confirma que para o verdadeiro cristão uma vez salvo, salvo para sempre, jamais haverá outro texto dizendo o contrário. O erro de interpretação certamente está em nós, e não nas Escrituras. Entenda melhor como estudar a Bíblia.

Além disso, se o texto de Hebreus defendesse a perda da salvação por um cristão verdadeiro, ele também afirmaria que após perder a salvação seria impossível consegui-la novamente (Hebreus 6:4). Em outras palavras, uma pessoa até poderia escolher deixar de estar em Cristo, mas depois dessa decisão ela jamais poderia escolher voltar a Cristo novamente, mesmo que tentasse. Saiba mais sobre o que é apostasia.

Resumindo, Jesus deu a vida eterna aos salvos, e não uma vida que se perde amanhã ou depois. Não existe a possibilidade de alguém ter a vida eterna hoje e perde-la amanhã, pois então não seria vida eterna, e, sim, uma vida temporária.

Uma vez salvo, salvo para sempre: e quem morre afastado do Evangelho?

Há casos de pessoas que vivem grande parte de suas vidas professando a fé cristã, mas acabam morrendo num período em que estão afastadas do Evangelho. Diante disso muita gente fica em dúvida sobre o destino eterno dessas pessoas. Inclusive, tem gente que se lamenta dizendo que se alguém tivesse morrido na época em que estava na igreja, teria sido melhor.

Mas esse tipo de pensamento não faz qualquer sentido quando consideramos a soberania e onisciência de Deus. Somente Ele é quem tem o poder sobre a vida e a morte. Nada é capaz de surpreende-lo! Ele é quem decide quando a vida de cada pessoa deve começar e terminar. Se alguém realmente morreu e se perdeu em condenação eterna, então esse alguém nunca foi um salvo genuíno. Essa pessoa nunca creu verdadeiramente em Jesus, e sempre esteve condenado.

Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.
(João 3:18)

O próprio Jesus explica por que existem pessoas que não creem nele: “Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho dito” (João 10:26). Perceba que essas pessoas não são suas ovelhas porque não creem, mas não creem porque não são suas ovelhas.

Mas sobre esta questão também é importante dizer que ao homem é impossível determinar quem foi condenado no momento da morte. É Claro que existem casos que são mais nítidos do que outros. Jesus Cristo também avisou que pelo fruto se conhece a árvore (Mateus 12:33). No entanto, não devemos se esquecer que o juízo pertence a Deus.

Aqui podemos citar o ladrão que foi crucificado ao lado de Jesus na cruz. Apesar de sua vida pecaminosa, a graça de Deus o alcançou em seus momentos finais e ele foi recebido no paraíso. A Parábola dos Trabalhadores da Vinha explica esta questão. A parábola diz que uns são chamados logo no começo do dia, enquanto outros são chamados já ao anoitecer.

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A Bíblia diz que é preciso crer em Jesus para ser salvo

O ensino bíblico é claro ao afirmar que para alguém ser salvo é preciso crer em Jesus (Atos 16:31). Em relação ao “crer em Jesus”, também é preciso dizer que não é um “simples crer”. Existem muitas pessoas que se dizem “crentes” em Jesus, mas a própria Bíblia diz que até mesmo os demônios creem em Deus (Tiago 2:19).

O “crer” em Jesus para a vida eterna é explicado em João 3:3. Esse “crer” é o novo nascimento, é ser nova criatura. Em outras palavras, como o apóstolo Pedro diz, crer em Jesus é ser “regenerado para uma viva esperança”. Mas essa regeneração não é uma obra humana. Embora sejamos nós que cremos, já que não é Deus quem crê por nós, a fé salvadora é um dom de Deus (Efésios 2:8). Essa fé ocorre como resultado da regeneração operada pelo Espírito Santo (João 6:65; Efésios 2:5). Por isto o escritor de Hebreus escreve que Cristo é o autor e o consumador da fé (Hebreus 12:2).

No homem natural não habita bem algum de si mesmo (Romanos 7:18). Não há um que entenda, não há um justo se quer, não há ninguém que busque a Deus, todos são inúteis, pecadores e destituídos da glória de Deus (Romanos 3). Porém, por uma obra completamente Divina, pecadores que mereciam o inferno são alcançados pela graça salvadora de Deus. Eles são regenerados, justificados, santificados e glorificados. Eles são adotados na família do Senhor, sendo feitos filhos de Deus. Todo esse processo não vem de nada que possamos oferecer, mas é exclusivamente pela graça de Deus.

Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.
E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou.
(Romanos 8:29,30)

Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus;
não vem das obras, para que ninguém se glorie.
(Efésios 2:8,9)

É possível “desnascer” de novo?

A Bíblia em nenhum momento nos mostra a possibilidade de reversão do novo nascimento. Uma vez nascido de novo, agora a pessoa torna-se nova criatura. Se um salvo verdadeiro perdesse a salvação, então ele precisaria se tornar um bastardo. Deus nos adotou como filhos e não consigo encontrar na Bíblia Ele nos devolvendo ao orfanato.

O problema da possibilidade de um salvo genuíno perder a salvação, é o fato de que ela coloca em Jesus a culpa pelo fracasso. Veja:

Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora.
Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.
E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia.
(João 6:37-39)

Perceba que os salvos verdadeiros são dados pelo Pai. Nenhum destes são lançados fora, porque a vontade do Pai é que todos aqueles que Ele deu ao Filho não se perca. Se fosse possível um daqueles que o Pai deu ao Filho se perder, então significaria que o Filho não cumpriu uma vontade do Pai. Sobre isso tem gente que alega que o Pai entregou todos os homens ao Filho, porém isso implicaria no universalismo da salvação. O universalismo é uma doutrina antibíblica que diz que todos serão salvos. A Bíblia deixa claro que não são todos que foram entregues ao Filho para serem salvos:

Por eles é que eu rogo. Não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus.
(João 17:9)

Onde a nossa salvação esta guardada?

A Bíblia nos convida a termos a certeza da nossa salvação. Mas sabemos que por natureza o homem é mentiroso, enganador, volátil e variável. O homem muda de ideia muito facilmente. Hoje ele pode dizer a alguém “eu te amo”, e amanhã dizer “nunca mais quero você”. Então como seria possível ter a certeza da salvação, se essa salvação dependesse da vontade humana em guarda-la?

Como o coração do homem é enganoso (Jeremias 17:9), nossa salvação esta guardada de forma segura em Deus:

Porque estais mortos e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.
(Colossenses 3:3)

O salvo verdadeiro esta guardado e confirmado em Deus. Ele foi selado, recebendo o Espírito Santo como penhor para o dia da redenção:

Nele também vós, depois de terdes ouvido a palavra da verdade, o Evangelho de vossa salvação no qual tendes crido, fostes selados com o Espírito Santo que fora prometido,
que é o penhor da nossa herança, enquanto esperamos a completa redenção daqueles que Deus adquiriu para o louvor da sua glória.
(Efésios 1:13,14)

A salvação é uma obra perfeita realizada por Deus. Ele começou essa obra em nós e não deixará inacabada. É d’Ele tanto o querer, quanto o efetuar. Por isto é possível dizer que uma vez salvo, salvo para sempre.

Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus.
(Filipenses 1:6)

Se uma vez salvo, salvo para sempre, então tenho permissão para pecar?

Geralmente essa é uma das primeiras conclusões precipitadas que algumas pessoas tiram diante da afirmação de que uma vez salvo, salvo para sempre. Mas quem conclui dessa forma ainda não compreendeu a verdadeira doutrina bíblica sobre o assunto.

Biblicamente ninguém que é verdadeiramente salvo vai querer sair pecando por aí e levando uma vida desordenada. Isto é absolutamente contra a sua nova natureza.

Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade.
(1 João 2:4)

Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus.
(1 João 3:9)

O apóstolo João deixa claro que os salvo em Cristo Jesus não vivem na prática do pecado. Porém isso não significa que um salvo nunca irá pecar. O  mesmo apostolo também escreve:

Se dissermos que não pecamos, fazêmo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós.
(1 João 1:10)

Parece contraditório, mas não é. O verdadeiro salvo ainda está sujeito ao pecado (Romanos 7), mas ele não se conforma com essa prática. Mesmo que existam momentos de fraquezas em sua vida, o Espírito Santo, que é quem convence o homem do pecado, guiará o salvo a toda verdade, produzindo nele arrependimento (João 16:8-13).

A Bíblia também diz que quando um salvo peca, ele entristece o Espírito Santo de Deus. Mas em nenhum momento a Bíblia afirma que o salvo perde o Espírito Santo (Efésios 4:30). Para quem é nova criatura, ao pecar, o amor de Deus o constrange de uma forma tão esmagadora que não lhe resta outra opção a não ser confessar seu pecado a Deus.

Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.

Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.
(1 João 1:7,9)

O que acontece se um salvo pecar?

Muitas pessoas acreditam que um salvo pode perder a salvação porque o sacrifício de Cristo na cruz perdoou apenas os seus pecados passados. Aliás, alguns até imaginam Deus falando o seguinte: “Eu perdoou até aqui, mas daqui para frente, agora que você conhece a verdade, a responsabilidade é sua”. Obviamente não é isto que a Bíblia diz!

Sabemos que pecamos por atos, palavras, pensamentos e por omissão. Mesmo que um salvo não peque por palavras, atos e omissão (o que já seria incrível), o que dizer então sobre os pensamentos? Acredita-se que um homem processa em média cerca de 10 mil pensamentos por dia. Se apenas um pensamento for pecado, em 30 dias teremos pecado 30 vezes. Em 10 meses teremos pecado pelo menos 300 vezes! Um único pecado já o suficiente para separar o homem de Deus, que dirá 300 pecados? Para quem argumenta que pecar por pensamento não é tão grave, é preciso ler Mateus 5:28.

Mas a boa notícia é que o salvo genuíno foi justificado pelos méritos de Cristo. Por causa da justiça de Cristo somos purificados de todos os nossos pecados, sejam eles passados, presentes ou futuros.

Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica;
Quem os condenará? Cristo Jesus é quem morreu, ou antes quem ressurgiu dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós;
(Romanos 8:33,34)

Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; mas, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo.
(1 João 2:1)

Também é importante dizer que quando o salvo peca, mesmo justificado, ele ainda é repreendido por Deus:

Porque o Senhor corrige o que ama, E açoita a qualquer que recebe por filho.
(Hebreus 12:6)

Não existe a mínima possibilidade de um salvo genuíno viver desordenadamente sentindo prazer pelo pecado. Se alguém vive assim é porque nunca foi salvo. O salvo verdadeiro deve despir-se do velho homem que é segundo Adão, e revestir-se do novo homem que é segundo Cristo.

Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos,
a serem renovados no modo de pensar e
a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade.
(Efésios 4:22-24)

Sabemos que o salvo verdadeiro é tentado, mas Deus o preserva lhe dando o espace:

Não sobreveio a vocês tentação que não fosse comum aos homens. E Deus é fiel; ele não permitirá que vocês sejam tentados além do que podem suportar. Mas, quando forem tentados, ele lhes providenciará um escape, para que o possam suportar.
(1 Coríntios 10:13)

A Bíblia se contradiz sobre a segurança da salvação?

Existem passagens difíceis na Bíblia, porém não existem erros ou contradições. Algumas pessoas apresentam uma série de versículos para tentar argumentar que um salvo verdadeiro pode perder a salvação. Mas se isto fosse verdade, então haveria contradições na Bíblia.

Nestes casos a falha não está no texto bíblico, mas em nossa interpretação. Se em João 10, e em tantos outros textos bíblicos, a segurança da salvação do redimido é afirmada, então qualquer texto que pareça contradizer esse ensino com certeza está sendo interpretado errado.

É verdade que na Bíblia existem várias passagens que dizem que devemos perseverar até o fim. Somos aconselhados a sermos fiéis, a não retrocedermos, a retermos a Palavra, a permanecermos na verdade, a vivermos em santidade, a guardarmos nossa coroa etc. Mas esses textos não contradizem o restante das Escrituras. Na verdade eles nos exortam acerca do padrão de vida que um salvo verdadeiro deve ter. Além disso, quando olhamos à luz da Palavra de Deus quem são aqueles que conseguem permanecer fiel até o fim, descobrimos que são somente aqueles a quem o Pai preserva (1 Coríntios 1:8).

Escrevendo a Tito, o apóstolo Paulo explica claramente que a graça de Deus nos ensina um novo padrão de vida:

Ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa, e piamente;
Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo.
(Tito 2:12,13)

A Bíblia nos instruí a vivermos em santidade, buscando a Deus constantemente. Porém as pessoas precisam entender que devemos andar em santidade não porque queremos ser salvos, mas porque somos salvos. A santificação, embora ocorra de forma sinérgica no homem, também é uma obra que começa em Deus.

Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade.
(João 17:17)

E o próprio Deus de paz vos santifique completamente; e o vosso espírito, e alma e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.
(1 Tessalonicenses 5:23)

Em outras palavras, o processo de santificação é uma evidência da salvação, e não uma espécie de conquista da salvação. Nossa fidelidade a Deus não é para impressiona-lo e nos credenciar à salvação, mas é o resultado da nossa gratidão por uma obra tão maravilhosa realizada em nós. Poderíamos dizer que a santificação não é o passaporte para a salvação, mas é o comprovante dela.

Tiago faz uma reflexão muito importante quando diz que “a fé sem obras é morta”. Com isto ele não quis dizer que são essas obras que nos farão alcançar a vida eterna. Em paralelo com o que Paulo escreveu em Efésios 2, podemos perceber que a salvação não vem das nossas obras, porém a fé salvadora inevitavelmente produzirá boas obras. Se alguém diz ter fé salvadora e não produz tais obras, logo o problema não é a falta de obras, mas a falta de uma fé verdadeira.

Quanto a nós, devemos ter a certeza de que Deus não realiza nada pela metade. Ele não planejou uma obra em nós que não foi terminada. O que Ele planeja, Ele executa.

Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade.
(Filipenses 2:13)

Por que muitas pessoas acreditam que “uma vez salvo, salvo para sempre” é uma afirmação errada?

Hoje a grande maioria dos cristãos discorda da afirmação de que uma vez salvo, salvo para sempre. Eles não aceitam a doutrina da segurança eterna da salvação. Isso acontece como consequência de discussões que tiveram início ainda nos primeiros séculos depois de Cristo. Na época uma certa doutrina sobre a salvação começou a dar muita ênfase na escolha do homem.

Essa doutrina era o Pelagianismo, que negava o fato de que todos os homens nascem pecadores tal como a Bíblia ensina. Com o tempo o Pelagianismo foi adaptado na Teologia Católica para o que é conhecido como Semipelagianismo, que embora rejeitado posteriormente pela própria Igreja Católica, nunca desapareceu. Esse sistema afirma que o homem nasce em pecado, porém ainda ele é capaz de fazer o bem em relação à salvação. Seria um tipo de contaminação parcial.

É claro que para o “mercado da fé”, esse tipo de doutrina é ótimo. Através dessa doutrina de que o homem pode contribuir com sua própria salvação, é possível justificar, por exemplo, a venda de indulgências. Ainda hoje em algumas igrejas evangélicas a distribuição de amuletos e penitências financeiras em forma de votos, também carregam as heranças do Semipelagianismo.

Na Reforma Protestante esse tipo de doutrina foi rejeitada e classificada como heresia. Então mais tarde surgiu uma linha doutrinaria que hoje é predominante na Igreja Evangélica, chamada de Arminianismo. Seu maior expoente foi teólogo holandês Jacob Arminius. Essa linha soteriológica procurou dar uma maior ênfase na responsabilidade humana no processo da salvação.

O que aconteceu é que, liderado por alguns seguidores de Arminius após sua morte, o sistema Arminiano Clássico (que é muito diferente do modelo Pelagiano e Semipelagiano) sofreu diversas modificações, dando origem a várias ramificações que diferem do modelo original de Jacob Arminius. Em algumas de suas vertentes, o Arminianismo se aproximou muito do modelo Semipelagiano.

Sobre a questão da perda da salvação, Jacob Arminius parece nunca ter defendido essa ideia, e nem mesmo ter se posicionado de forma definitiva. Há uma frase de Arminius em que ele diz: “Eu não deveria precipitadamente ousar dizer que a fé verdadeira e salvadora pode finalmente e totalmente esmorecer”.

Mas teólogos e líderes que vieram depois de Arminius e que adotavam seu sistema soteriológico, passaram a assumir a posição oficial da possibilidade da perda da salvação. A maioria deles, como John Wesley, por exemplo, defendia a perda da salvação em casos de apostasia.

O Arminianismo dos Remonstrantes e principalmente de Wesley, foi muito difundido entre os cristãos. Nesse contexto surgiu o Metodismo, e depois de raízes metodistas veio o Movimento Pentecostal. Na atualidade o Pentecostalismo representa o maior grupo evangélico do mundo. Daí o fato da grande maioria dos cristãos reprovar a afirmação de que uma vez salvo, salvo para sempre.

Também é verdade que nem todos os pentecostais seguem a doutrina Arminiana; bem como nem todos os arminianos rejeitam a perseverança dos salvos, principalmente os clássicos. Existem muitas igrejas (principalmente Batistas) que adotam a soteriologia arminiana oficialmente, porém defendem a perseverança dos salvos.

Não há dúvida de que muitos homens de Deus que foram grandes pregadores da Palavra e exímios missionários, como John Wesley e C. H. Spurgeon, por exemplo, defenderam posições diferentes sobre esse tema. Porém, nenhum deles foi um herege por causa disso. O problema está no radicalismo, tanto de um lado quanto do outro.

O ensino maligno que precisa ser combatido é aquele que diz que “não importa como a pessoa viva, uma vez salvo, salvo para sempre”. O que a Bíblia ensina é que “uma vez salvo, salvo para sempre”, porque o verdadeiro salvo não vive na prática do pecado, antes, sendo nova criatura, ele é guiado pelo Espírito de Deus (Romanos 8). Para estes, e somente para estes, não há nenhuma condenação, pois estão em Cristo Jesus. Certamente eles podem declarar em auto e bom som que uma vez salvo, salvo para sempre.

Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.
Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir,
Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.
(Romanos 8:37-39)

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