A autoria do livro de Malaquias na Bíblia é muito discutida entre os estudiosos. Alguns defendem que quem escreveu o livro de Malaquias foi um indivíduo chamado Malaquias, enquanto outros acreditam que a profecia registrada no livro veio através de uma pessoa anônima.
Logo na primeira frase do livro, o texto bíblico traz a seguinte informação: “Sentença pronunciada pelo Senhor contra Israel, por intermédio de Malaquias” (Malaquias 1:1). Este versículo é claro ao afirmar que quem escreveu o livro de Malaquias foi alguém identificado como Malaquias. No entanto, a discussão entre os estudiosos sobre este assunto ocorre por causa de três motivos principais.
Em primeiro lugar, o nome Malaquias não aparece em nenhuma outra parte da Escritura. Em segundo lugar, nem mesmo dentro do próprio livro há qualquer informação a respeito da linhagem, família e lugar de nascimento de Malaquias. Em terceiro lugar, no hebraico o nome Mal’akiy, transliterado como Malaquias em português, significa “meu anjo” ou “meu mensageiro”. Então, muitos intérpretes têm argumentado que existe grande possibilidade de essa palavra ser um título ao invés de um nome próprio.
Na verdade, a discussão a respeito da autoria de Malaquias é muito antiga. Por exemplo: a Septuaginta, a tradução grega do Antigo Testamento, traduz “Malaquias” como “meu mensageiro”, ou seja, na Septuaginta a declaração “por intermédio de Malaquias” no primeiro versículo do livro, é traduzida como “pela mão de seu mensageiro”.
Nos targuns aramaicos também há a interpretação de que Malaquias seria um pseudônimo de Esdras, o escriba. Há ainda outras tradições que relacionam o nome Malaquias a Neemias e a Zorobabel.
De fato, a discussão a respeito da autoria do livro de Malaquias existe e é muito antiga. No entanto, a maioria dos intérpretes bíblicos do Antigo Testamento concorda que não há razões realmente convincentes para rejeitarmos Malaquias como um nome próprio; talvez uma contração de Mal’akiyah, “mensageiro de Yahweh”. Além disso, tratar Malaquias como um nome próprio é a interpretação que mais se adequa ao padrão da literatura profética bíblica, onde não há nenhum livro escrito por algum profeta anônimo.
Quando o escritor do livro de Malaquias escreveu sua obra?
Independentemente dos debates envolvendo a autoria do livro de Malaquias, a evidência interna do livro sugere que ele foi escrito no período pós-exílico, quando os judeus estavam sob o governo persa. Nesse tempo, o Templo havia sido recentemente reconstruído, e a adoração levítica havia sido retomada.
No entanto, havia graves erros morais, religiosos e sociais, e uma reforma urgente era necessária. Todo esse contexto indica que o ministério profético do autor do livro de Malaquias ocorreu no período de Esdras e Neemias. É provável que o livro tenha sido escrito entre a vinda de Esdras (457 a.C.) e a segunda visita de Neemias (432 a.C.). Alguns eruditos são mais específicos e defendem que o livro deve ter sido escrito por volta de 450 a.C., ou seja, antes das reformas religiosas que ocorreram cerca de cinco anos depois. Uma evidência nesse sentido é o fato de que Malaquias não faz qualquer menção às obras de Esdras e Neemias.
A maioria dos estudiosos também acredita que Malaquias recebeu os oráculos da parte de Deus na própria cidade de Jerusalém. Pela forma como ele aborda a questão da corrupção religiosa, parece que ele estava bem próximo dos desvios do culto ao Senhor e da vida na sociedade judaica daquele tempo.
Outra questão importante que envolve a autoria e a data de escrita do livro de Malaquias, tem a ver com a sua unidade. Ao analisar o estilo do livro de Malaquias e sua estrutura, é possível perceber uma abordagem bem concisa. O profeta fez uma série de perguntas e respostas que claramente formam uma mensagem geral.
Portanto, apesar de alguns críticos, ainda que sem justificativas sérias, sugerirem que houve pequenas adições editoriais no livro, a verdade é que a unidade do livro de Malaquias é inquestionável. Embora não se saiba nada sobre a vida pessoal de Malaquias, não há dúvidas de que ele era, de fato, um mensageiro de Deus, que foi escolhido para anunciar a palavra divina em seu tempo.