Naamá foi a esposa do rei Salomão e a mãe de seu filho herdeiro, Roboão. Na Bíblia, Naamá é citada brevemente apenas nas referências ao seu filho, após este suceder Salomão no trono de Israel. Portanto, biblicamente a história de Naamá é um tanto desconhecida.
O nome Naamá significa “agradável” ou “prazeroso”. Curiosamente, dentre todas as mulheres de Salomão, Naamá é a única que teve seu nome registrado na Bíblia. Obviamente isso teve a ver com a sua posição como rainha-mãe, mas ainda assim não deixa de ser um fato curioso, considerando o tamanho do harém de Salomão que reunia 700 esposas e 300 concubinas.
A origem de Naamá
Uma informação importante sobre Naamá na Bíblia tem a ver com a sua origem. O texto bíblico registra que Naamá era uma mulher amonita. Os amonitas eram o povo que descendia de Ló através de sua filha mais nova.
Os amonitas estavam estabelecidos no lado oriental do Jordão, e frequentemente eram hostis aos israelitas. Além disso, os amonitas eram muito idólatras. Eles adoravam o terrível deus Milcom, também conhecido como Moloque. O culto a essa divindade envolvia práticas indescritivelmente imorais, e contava com um tipo de ritual que, para muitos estudiosos, envolvia sacrifício humano, sobretudo infantil.
Então, os amonitas estavam entre os povos que os israelitas não deviam se misturar. No entanto, Naamá, a esposa de Salomão e mãe de seu príncipe herdeiro, pertencia justamente a esse povo problemático. Por isto, frequentemente os eruditos do Antigo Testamento falam do casamento de Salomão e Naamá como um casamento ilegal.
A família de Naamá
A Bíblia não fornece nenhum detalhe específico sobre o círculo familiar de Naamá. Contudo, a maioria dos intérpretes presume que ela devia ser uma princesa pertencente à casa de Naás, um rei amonita que foi derrotado por Saul no início de seu governo, mas que depois estabeleceu uma boa relação com Davi.
Algumas pessoas pensam que o Naás que foi cordial com Davi, não era o mesmo Naás do tempo de Saul, mas isso é muito improvável. Seja como for, Naás tinha dois filhos: Hanun e Sobi. Inclusive, um texto grego suplementar de 2 Samuel 10:2, indica que Naamá era filha de Hanun, filho de Naás. Porém, considerando que Hanun foi hostil com Davi quanto este tentou consolá-lo pela morte de Naás, alguns estudiosos consideram que talvez Naamá fosse filha de Sobi. Diferentemente de seu irmão, Sobi foi amigável com Davi durante sua fuga no contexto da rebelião de Absalão.
Quando Salomão e Naamá se casaram?
Uma questão discutida pelos intérpretes bíblicos, diz respeito ao momento em que teria ocorrido o casamento entre Salomão e Naamá. O único detalhe no texto bíblico que lança alguma luz sobre isto, tem a ver com a idade de Roboão quando acendeu ao trono de Israel. Primeiro, a Bíblia diz que o rei Salomão reinou durante 40 anos em Jerusalém. Depois, o texto bíblico registra que Roboão tinha 41 anos quando começou a reinar no lugar de Salomão.
Portanto, se não houver um erro de copista de no mínimo um ano nessas datas, então Roboão deve ter nascido antes de Salomão começar a reinar. Consequentemente, isso significa que o casamento entre Salomão e Naamá deve ter ocorrido ainda durante o final do reinado de Davi.
Por isto, alguns comentaristas acreditam que talvez esse casamento tenha sido arranjado pelo próprio rei Davi como um tipo de retribuição pela ajuda que obteve da casa de Naás. Isso, inclusive, levanta a forte possibilidade de que Naamá pode ter sido a primeira das 700 esposas de Salomão, mas é impossível de se ter certeza disto.
Como foi o casamento entre Salomão e Naamá?
A importância de Naamá na história de Salomão é evidente diante do fato de ela ter sido a mãe do filho que o sucedeu no governo de Israel. Mas determinar como foi o casamento entre Salomão e Naamá, é uma tarefa demasiadamente complicada. Isso porque a Bíblia não fornece nenhuma informação a respeito do caráter de Naamá. Na verdade, nem mesmo se sabe se ela teria sobrevivido ao nascimento de seu filho.
Ainda assim, alguns comentaristas acreditam que ela teria sido uma mulher amorosa e dedicada, considerando o significado de seu nome, “agradável”. Outros relacionam Naamá com a sulamita citada na poesia de Cântico dos Cânticos de Salomão, mas absolutamente não há nenhuma evidência disso.
Há também aqueles que afirmam que Naamá teria sido uma pessoa justa ao recorrem à literatura rabínica. Num tratado talmúdico, por exemplo, é dito que Deus impediu que Moisés destruísse os amonitas, porque Ele haveria de tirar dentre aquele povo uma mulher virtuosa que daria continuidade à dinastia de Davi ao ser a mãe do filho de Salomão. No entanto, o Talmude basicamente é um comentário, e não pode ser igualado à Escritura.
Naamá era uma mulher amonita
O que de fato a Bíblia diz sobre Naamá é que ela era uma mulher amonita. Porém, a Bíblia também diz que as esposas estrangeiras de Salomão, dentre as quais estavam mulheres amonitas, foram responsáveis por corromper o seu coração e afastá-lo do Senhor. Pela mistura com suas esposas, Salomão abraçou a idolatria. Nesse sentido, o texto bíblico menciona que Salomão se tornou idólatra, e para agradar suas esposas amonitas chegou a construir um altar dedicado a Moloque.
É difícil saber se Naamá esteve entre as mulheres amonitas que se beneficiaram dessa idolatria em Israel. Contudo, mais tarde seu filho, Roboão, fez o que era mal perante o Senhor, e propagou uma idolatria abominável em Judá.
Para alguns, esse comportamento de Roboão pode ser um indicativo de que ele não teve boas referências, nem de seu pai, Salomão, nem de sua mãe, Naamá. Além disso, muitos intérpretes consideram que Naamá parece ser citada de forma negativa no texto bíblico. Isso porque todas as referências bíblicas sobre ela deixam claro que a mãe do rei que causou a divisão do reino de Israel, era uma mulher amonita.
Obviamente a amonita Naamá poderia ter sido alcançada pela graça de Deus, assim como Rute, uma mulher moabita que abraçou a fé no Deus de Israel e foi contada na comunidade da aliança. Sem dúvida, Naamá poderia ser uma exceção às esposas idólatras de Salomão, mas não há como saber.
Mas apesar de tudo, Roboão, o filho da amonita Naamá, foi incluído na genealogia de Jesus no Novo Testamento. Portanto, seja como for, nada disso jamais esteve fora do controle soberano de Deus, e as debilidades humanas não foram capazes de frustrar seus atos redentores ao longo da história.