Quem Foi o Rei Jeoás de Israel?
Jeoás foi um rei da linhagem de Jeú no reino do Norte de Israel. Ele era filho do rei Jeoacaz e neto de Jeú, sendo o terceiro rei na linhagem iniciada por seu avô após a queda da casa de Acabe. A Bíblia diz que Jeoás reinou por dezesseis anos em Israel (2 Reis 13:10).
O nome Jeoás significa “O Senhor concedeu” ou “Javé deu”. Apesar do significado de seu nome, o rei Jeoás de Israel não seguiu os caminhos de Deus e manteve em Israel as práticas idólatras iniciadas por Jeroboão, filho de Nebate, que levou Israel a pecar (2 Reis 13:11).
O contexto político e religioso de Israel na época de Jeoás era muito complexo, pois o reino estava sofrendo constante opressão da Síria, liderada inicialmente por Hazael e depois por seu filho Ben-Hadade III. Porém, essa opressão estrangeira sobre os israelitas era resultado direto de seu afastamento dos mandamentos do Senhor.
O reinado de Jeoás em Israel
O texto bíblico registra que o rei Jeoás iniciou seu reinado em Samaria no trigésimo sétimo ano de Joás de Judá (2 Reis 13:10). Naquele tempo, a Síria, sob a liderança de Hazael e, depois, de seu filho Ben-Hadade III, conseguiu conquistar várias cidades israelitas, deixando o Reino do Norte em uma posição vulnerável.
Em meio a esse cenário caótico, o rei Jeoás de Israel buscou a orientação do profeta Eliseu. Jeoás não seguia fielmente ao Senhor, mas reconhecia a autoridade espiritual do velho profeta Eliseu. Inclusive, ao visitar o profeta, o rei de Israel expressou sua preocupação com a nação e o seu respeito por Eliseu, dizendo: “Meu pai, meu pai, carros de Israel e seus cavaleiros!” (2 Reis 13:14).
Naqueles dias, Eliseu já estava muito idoso e prestes a morrer, mas mesmo assim ele deu instruções a Jeoás para simbolizar a vitória que Deus concederia a Israel sobre a Síria. Eliseu pediu que o rei tomasse um arco e flechas e, com as mãos de Eliseu sobre as mãos de Jeoás, em sinal da orientação divina, o rei atirou uma flecha pela janela em direção ao leste, representando a vitória do Senhor sobre os sírios em Afeque (2 Reis 13:15-17).
Em seguida, o profeta Eliseu instruiu o rei Jeoás a golpear o chão com as flechas. Jeoás golpeou o chão apenas três vezes e parou. O profeta Eliseu interpretou a atitude do rei Jeoás como uma falta de fervor, e disse que se ele tivesse golpeado mais vezes, teria derrotado completamente a Síria. No entanto, por causa de sua hesitação, Jeoás derrotaria os sírios apenas três vezes, o mesmo número de vezes em que ele golpeou o chão com as flechas (2 Reis 13:18-19).
As batalhas do rei Jeoás contra a Síria e Judá
Conforme a profecia de Eliseu, Jeoás conseguiu derrotar Ben-Hadade III três vezes e reconquistar as cidades que a Síria havia tomado durante o reinado de seu pai, Jeoacaz (2 Reis 13:25). Essas vitórias lideradas pelo rei Jeoás ocorreram em Afeque, provavelmente localizada no vale ao leste do Mar da Galileia. Se isto estiver correto, então Israel ainda mantinha interesse estratégico na região de Gileade e Basã.
Essas conquistas marcaram o início de um reavivamento político em Israel, e a opressão dos sírios diminuiu de forma considerável. No entanto, essas vitórias israelitas foram resultado exclusivamente da misericórdia de Deus e não da fidelidade do rei Jeoás, que continuou nos mesmos pecados de seus antecessores.
Além do conflito contra a Síria, Jeoás também teve de enfrentar o rei Amazias de Judá. Após Amazias ter derrotado os edomitas, o rei de Judá ficou envaidecido pela vitória e desafiou Jeoás para um confronto militar (2 Reis 14:8). A resposta do rei Jeoás ao desafio de Amazias foi em forma de parábola: “O espinheiro que estava no Líbano mandou dizer ao cedro que lá estava: Dá tua filha por mulher a meu filho; mas os animais do campo que estavam no Líbano passaram e pisaram o espinheiro” (2 Reis 14:9). Com isso, Jeoás basicamente estava alertando Amazias sobre a imprudência do seu plano, que poderia debilitar o reino de Judá e lhe causar problemas desnecessários.
O rei Amazias, no entanto, ignorou o aviso e insistiu no confronto com Israel. Os dois exércitos se encontraram em Bete-Semes, onde as tropas do rei Jeoás de Israel derrotaram o exército de Amazias de Judá (2 Reis 14:11-12). Mas, embora não tenha sido Jeoás quem procurou o conflito, sua ação após ter derrotado as tropas do Reino do Sul foi reprovável. Além de ter avançado sobre Jerusalém e deixado a cidade vulnerável ao derrubar parte de seu muro, o rei Jeoás ainda demonstrou que era alguém alienado espiritualmente e que não possuía nenhum respeito pelo Templo do Senhor. Ele saqueou os tesouros do Templo e do palácio real, e levou ainda reféns para Samaria (2 Reis 14:13-14).
A morte do rei Jeoás de Israel
A Bíblia diz que Jeoás morreu e foi sepultado em Samaria junto com os reis de Israel. Ele foi sucedido no trono israelita pelo seu filho, Jeroboão II (2 Reis 13:13). Alguns estudiosos sugerem que Jeroboão II pode ter sido co-regente com Jeoás nos últimos anos de seu reinado, para fortalecer a estabilidade política do reino.
Seja como for, embora Jeoás tenha obtido conquistas militares importantes, ele não foi um rei que buscou ao Senhor de todo o coração. Contudo, em Sua graça, a misericórdia de Deus ainda se manifestou em favor de Israel e preservou a nação, apesar da infidelidade do rei e do povo.