O Profeta Samuel Era Sacerdote, Profeta e Juiz?

É amplamente aceito entre os cristãos que Samuel era sacerdote, profeta e juiz de Israel. Mas a ideia de que Samuel foi sacerdote, profeta e juiz gera um certo debate entre alguns estudiosos. Sua posição como profeta e também como juiz, basicamente é unanimidade entre os comentaristas bíblicos, mas nem todos concordam com o seu papel como sacerdote.

Alguns comentaristas defendem que jamais Samuel ocupou o ofício de sacerdote, e que sempre que ele é citado na Bíblia oferecendo algum sacrifício a Deus, isso não parece ocorrer no Tabernáculo. Então, para quem pensa assim, Samuel teria sido um levita diferenciado, uma vez que também era profeta do Senhor e juiz de Israel, mas não teria sido um sacerdote propriamente dito.

Por outro lado, a Bíblia diz que ainda muito jovem Samuel ministrava diante do Senhor e usava a estola sacerdotal de linho. Isso quer dizer que enquanto esteve com o sumo sacerdote Eli, Samuel foi um tipo de aprendiz de sacerdote (cf. 1 Samuel 2:18). Além disso, mais tarde a Bíblia registra o profeta Samuel desempenhando tarefas sacerdotais, como por exemplo, ao oferecer sacrifícios ao Senhor (1 Samuel 10:8). Inclusive, o papel de Samuel em seu relacionamento com o rei Saul, claramente parece ter sido o de sacerdote.

Samuel era sacerdote

Na Bíblia, é inegável que Samuel também aparece claramente envolvido com tarefas sacerdotais. Para entender esse ponto, primeiro é preciso considerar que aquele foi um período de transição em Israel, tanto no âmbito político quanto religioso. Eli, que havia sido juiz e sumo sacerdote de Israel, foi reprovado por causa de sua tolerância com os pecados de seus filhos, Hofni e Finéias, que também eram sacerdotes.

Então, a casa de Eli foi destinada à ruína, e Deus anunciou que retiraria o sacerdócio de sua família; e, de fato, isso ocorreu na sequência da história israelita, quando a liderança do sacerdócio foi exercida pela casa de Zadoque, enquanto que Abiatar, um sumo sacerdote que descendia de Eli, acabou exilado pelo rei Salomão.

Portanto, nesse contexto, a maioria dos estudiosos do Antigo Testamento entende que ao ter sido ofertado por sua mãe para o serviço integral do Senhor, e por causa do declínio da casa sacerdotal de Eli, o que ocorreu foi que, soberanamente, Deus levantou Samuel no meio do seu povo com prerrogativas do ofício sacerdotal. Em outras palavras, Samuel, no papel sacerdotal, não parece ter sido algo ordinário, mas extraordinário.

Mas o fato de Samuel oferecer oferta ao Senhor supostamente fora do ambiente do Tabernáculo, não deve ser algo decisivo nessa questão. Isso porque naquela época não havia um santuário central em Israel. Por isso, Samuel é mencionado consagrando ao Senhor num monte, por exemplo. Aqui, novamente é importante lembrar que aquele era um período de transição, e somente depois, durante o reinado de Davi, é que Israel teve uma capital como centro político e religioso do reino.

Sacerdote era profeta

A Bíblia registra que Samuel era filho de uma mulher estéril que havia prometido consagrá-lo ao Senhor caso pudesse gerar filhos. Ana, a mãe de Samuel, cumpriu o seu voto, e por isso ele foi educado em Siló, o local onde estava o Tabernáculo naquele tempo.

O texto bíblico informa que Samuel servia ao Senhor diante do sumo sacerdote Eli. Mas aqueles eram dias de declínio espiritual em Israel. Inclusive, raramente o Senhor falava com o povo, numa clara indicação de sua reprovação. E foi nesse cenário que Deus falou com o jovem Samuel pela primeira vez.

Como Samuel nunca havia recebido alguma palavra ou revelação do Senhor, ele até pensou que quem o estava chamando era Eli. Mas Eli explicou a Samuel que era o Senhor quem estava falando com ele, e que ele tinha de responder favoravelmente a esse chamado. Na sequência, Samuel então soube ouvir a voz do Senhor, e Deus lhe anunciou o que ele haveria de fazer em Israel ao destituir a casa de Eli do sacerdócio.

A partir de então, a Bíblia diz que Samuel continuou crescendo e Deus era com ele. Inclusive, o Senhor fazia com que todas as palavras anunciadas por Samuel se cumprissem. Dessa forma, todo o Israel conheceu que Samuel estava confirmado como profeta do Senhor.

Na posição de profeta, Samuel teve um papel singular. Ele foi o responsável por ungir os primeiros reis de Israel, Saul e Davi. Além disso, ele foi o precursor de uma longa tradição profética que se seguiu após ele em Israel.

Samuel era juiz

Depois do tempo de Josué e dos anciãos, as tribos israelitas foram governadas por juízes. O período dos juízes de Israel foi um tempo bastante turbulento. O povo oscilava entre a obediência e a desobediência a Deus. Repetidas vezes, o texto bíblico registra que o povo se esqueceu do Senhor, e por isso os filhos de Israel foram entregues à opressão de alguns povos estrangeiros.

No entanto, quando os israelitas se arrependiam, Deus levantava libertadores para tirá-los da servidão. Esses libertadores ficaram conhecidos como juízes, pois eles julgavam a causa do povo. Samuel foi o último desses juízes. Ele sucedeu o sumo sacerdote Eli que havia julgado Israel durante quarenta anos.

Na posição de juiz, o profeta Samuel estabeleceu um circuito para poder percorrer as cidades israelitas. Quando já estava com a idade avançada, Samuel delegou tarefas aos seus filhos, Joel e Abias. Porém, os filhos de Samuel não seguiram o seu bom exemplo. Ao invés disso, Joel e Abias eram corruptos e injustos.

Então, nesse contexto, o povo de Israel pediu por um rei. Esse pedido do povo não foi exclusivamente uma rejeição à liderança de Samuel, mas foi uma rejeição à liderança do Senhor através de Samuel. Contudo, Deus permitiu que o povo tivesse um rei conforme os padrões que eles buscavam, e deu instruções para que Samuel ungisse esse rei.

Quando Saul, o rei aclamado pelo povo, falhou, Deus indicou a Samuel o futuro rei de Israel, um homem segundo o Seu coração. O escolhido foi o jovem Davi, de Belém de Judá. Dessa forma, o juiz Samuel teve um papel fundamental na instituição da monarquia em Israel.

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Samuel: sacerdote, profeta e juiz

Apesar do debate entre alguns estudiosos a respeito da pessoa de Samuel como sacerdote, profeta e juiz, o texto bíblico deixa claro que não há qualquer contradição nesses detalhes da vida do profeta.

Em resumo, é fácil entender que Samuel era um levita que nasceu na terra de Efraim, e por isso o seu pai é identificado como um “efrateu” ou um “efraimita”. Apesar de ser um levita, seu ramo familiar dentro da tribo de Levi não lhe dava o direito natural de ser sacerdote.

Porém, Deus o escolheu de forma extraordinária num tempo de terrível declínio moral e espiritual em Israel. Deus o levantou para ser não apenas o líder político e civil daquele povo no papel de último juiz, e aquele que estabeleceu a monarquia em Israel. Deus também chamou Samuel para ser o líder espiritual dos israelitas, sendo o seu porta-voz diante do povo, isto é, o seu profeta, e também para se ocupar de tarefas do ofício sacerdotal num período em que o sacerdócio esteve corrompido, uma vez que o sumo sacerdote Eli e seus filhos tinham sido reprovados.

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