Estudo Bíblico de Êxodo 38

Êxodo 38 descreve a conclusão dos últimos móveis e da área externa do Tabernáculo que serviria como o local de culto e da manifestação da presença de YHWH no meio do seu povo peregrino. O estudo bíblico de Êxodo 38 revela que Moisés, obedecendo fielmente ao modelo revelado no Sinai, supervisionou cada detalhe do altar do holocausto, do lavatório de bronze, do átrio e de um minucioso relatório de custos.

Contudo, é importante saber que Êxodo 38 não é um mero inventário. Na verdade, esse capítulo testemunha também a teologia da expiação, da purificação e da santidade comunitária que perpassa toda a Escritura.

Um esboço de Êxodo 38 pode ser dividido da seguinte forma:

  • O altar do holocausto é construído (Êxodo 38:1-7).
  • O lavatório de bronze é construído (Êxodo 38:8).
  • A construção do átrio do Tabernáculo (Êxodo 38:9-20).
  • Relatório de custos e materiais (Êxodo 38:21-31).

O altar do holocausto é construído (Êxodo 38:1-7)

Os primeiros versículos de Êxodo 38 revelam que Bezalel “fez o altar do holocausto de madeira de acácia”, medindo cinco côvados de comprimento e largura, por três de altura (Êxodo 38:1). O relato bíblico informa que o altar possuía “chifres” nos seus quatro cantos, moldados “da mesma peça”, simbolizando força e refúgio para o suplicante (Êxodo 38:2; cf. 1 Reis 1:50).

Segundo Êxodo 38, foram também confeccionados os utensílios auxiliares: pás, bacias, garfos e braseiros, todos de bronze (Êxodo 38:3). O texto registra ainda a grade de bronze, inserida “dentro do altar, de baixo para cima, até o meio”, possivelmente para que o fogo recebesse oxigenação adequada e as cinzas fossem removidas com facilidade (Êxodo 38:4).

Há um detalhe notável nesse ponto: o texto diz que o artesão “fez também argolas” na grade para acomodar varais de acácia revestidos de bronze; assim o altar permanecia móvel, lembrando que a adoração de Israel acontecia em meio à jornada (Êxodo 38:5-7). Esse altar era completamente distinto do altar de incenso mencionado em Êxodo 37:25, evitando confusão funcional entre propiciação (no pátio) e intercessão (no Lugar Santo diante do véu que separava o Santo dos Santos).

O lavatório de bronze é construído (Êxodo 38:8)

Êxodo 38 relata que o Senhor providenciou um lavatório com seu pedestal, todo em bronze “dos espelhos das mulheres que se reuniam para ministrar à porta da tenda da congregação” (Êxodo 38:8). Alguns estudiosos observam o contraste: espelhos metálicos, objetos de vaidade individual, foram convertidos em instrumento de purificação sacerdotal.

O verbo hebraico traduzido por “ministrar” nesse versículo, é raro e usualmente militar (organizar em filas ou grupos de combate); aqui, porém, descreve um serviço litúrgico estruturado por mulheres — talvez tarefas de limpeza, música ou mesmo guarda da entrada — ressaltando a participação feminina na vida cultual, embora distinta dos deveres levíticos. De certa forma, essa a proveniência feminina do metal sublinha que a congregação inteira participou do custo da adoração.

Teologicamente, o lavatório estabelecia a necessidade de lavagem no contexto do culto veterotestamentário. Enquanto o altar tratava da culpa, o lavatório tratava da impureza remanescente: o sacerdote que aspergia o sangue do sacrifício tinha também de voltar-se para a água da purificação, antecipando a lógica soteriológica da união entre expiação e santificação (cf. João 19:34; Efésios 5:26).

A construção do átrio do Tabernáculo (Êxodo 38:9-20)

O texto bíblico prossegue descrevendo o átrio que circundava o Tabernáculo. Os lados sul e norte mediam cem côvados de cortinas de linho retorcido, sustentadas por vinte colunas encaixadas em vinte bases de bronze; ganchos e capitéis eram de prata, indicando um gradiente de nobreza: bronze no solo, prata na sustentação e ouro já dentro do santuário (Êxodo38:9-11).

O lado oeste possuía cinquenta côvados; o oriental, igualmente com cinquenta, era dividido por um portal de vinte côvados com cortina azul, púrpura, carmesim e linho, ecoando as cores do véu interior (Êxodo 38:12-14).

Os postes tinham altura de cinco côvados, garantindo visibilidade à estrutura central (tenda e altar) sem permitir acesso irrestrito (Êxodo 38:15-19). O relato reforça a tensão entre aproximação e separação: havia um limite para o pecador, mas havia também um convite para o arrependido. Moisés ainda fez questão de notar que “todos os pregos do Tabernáculo e do átrio ao redor eram de bronze” (Êxodo 38:20).

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Relatório de custos e materiais (Êxodo 38:21-31)

A última parte de Êxodo 38 apresenta uma memória de prestação de contas “para o serviço dos levitas, por mão de Itamar, filho de Arão” (Êxodo 38:21). Alguns comentaristas observam que em certo aspecto esse registro reflete uma teologia de transparência e responsabilidade: tudo o que se ergue para Deus deve suportar escrutínio humano.

O texto lista aproximadamente o uso de uma tonelada de ouro, cerca de quatro de prata e três de bronze. Do ouro confeccionou-se o mobiliário interno; da prata, capas das colunas e ganchos; do bronze, bases e estacas (Êxodo 38:22-31). Alguns comentaristas observam a magnitude desses números e sugerem que podem refletir algum arredondamento ou tradição textual alterada, mas o ponto principal é a generosidade do povo, motivada pela teofania (cf. Êxodo 35:20-29). De qualquer forma, essa contabilidade revela que nada foi desperdiçado: cada dádiva encontrou seu lugar, e cada peça serviu ao todo.

Além disso, a quantidade total da prata provinha do “meio siclo” mencionado em Números 1 cobrado de cada israelita adulto recenseado — tributo de expiação que igualava rico e pobre perante YHWH (Êxodo 38:26).

Conclusão de Êxodo 38

Êxodo 38 conclui a seção de construção do Tabernáculo, preparando o clímax da habitação de Deus em Êxodo 40. O altar proclamava que a culpa exige substituto; o lavatório insistia que a vida santa exige lavagem contínua; o átrio delimitava a comunidade adoradora; e o relatório de custos testemunhava a mordomia do povo da aliança.

Dessa forma, Êxodo 38 antecipa o Evangelho: Cristo é ao mesmo tempo altar, água purificadora, cortina de acesso e precioso resgate. Além disso, ao retransmitir cada detalhe da obra do Tabernáculo, o relato bíblico indica que YHWH não habita em abstrações, mas em estruturas concretas santificadas para sua glória — ontem no santuário móvel no deserto, hoje no Corpo de Cristo, a Igreja peregrina neste mundo.

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