Quem Foi Isbi-Benobe na Bíblia?
Isbi-Benobe foi um guerreiro filisteu que descendia dos gigantes. A breve história de Isbi-Benobe ficou conhecida na Bíblia pelo fato de ele quase ter conseguido matar o rei Davi durante uma batalha. Inclusive, depois desse embate contra Isbi-Benobe, Davi acabou sendo aconselhado pelos líderes militares a não ir mais à guerra liderando as tropas israelitas.
O nome Isbi-Benobe provavelmente indica alguém que habitava em Nobe. Porém, alguns intérpretes chamam a atenção para a possibilidade de este não ser um nome pessoal. Isso porque o nome Isbi-Benobe, no hebraico Yishbi-Benob, é a vocalização da leitura corretiva do texto proposta pela tradição massorética, conhecida como Qere.
Para quem não sabe, o texto bíblico hebraico é consonantal, ou seja, formado apenas por consoantes. Então, estudiosos judeus medievais que trabalharam para preservar o texto bíblico, adicionaram sinais ao texto original para indicar como ele deveria ser lido ou pronunciado corretamente. Por isso, o Qere basicamente é “como o texto deve ser lido”, enquanto o texto hebraico consonantal da forma como foi originalmente escrito, ou seja, sem esses sinais ou vocalizações dos massoretas, é conhecido como Kethib.
Essa questão, algumas vezes, pode mudar a interpretação de uma determinada passagem bíblica. No caso particular de Isbi-Benobe, a leitura do texto com os apontamentos dos massoretas parece favorecer a ideia de que este seja um nome pessoal. Porém, o texto hebraico como originalmente foi escrito, também pode ser entendido como que se referindo apenas a um grupo genérico de filisteus provenientes de Nobe, dentre os quais havia um guerreiro descendente de Rafa, e cuja ponta de sua lança pesava quase quatro quilos. Perceba que se esse entendimento for adotado, então o guerreiro em questão é anônimo no registro bíblico.
O embate entre Isbi-Benobe e Davi
Todos conhecem a história de como Davi derrotou Golias, o gigante que desafiou Israel em nome dos filisteus. Mas nem todos sabem que tempos depois, foi a vez de Davi quase ser morto por outro gigante.
Conforme explicado, apesar de não se ter total certeza a respeito de seu nome, é amplamente aceito entre os intérpretes de que, de fato, Isbi-Benobe era mesmo um homem de grande estatura. O texto bíblico diz que ele era descendente de Rafa (2 Samuel 21:16).
A maioria dos comentaristas concorda que esta é uma referência aos refains, que eram um grupo de gigantes. Inclusive, no texto bíblico o termo “refains” também pode se referir aos emins, zanzumins e anaquins. Essas pessoas, conhecidas por sua grande estatura, foram expulsas durante as conquistas de Josué, mas parece que alguns de seus representantes se estabeleceram entre os filisteus.
Apesar das poucas informações bíblicas sobre Isbi-Benobe, é fácil concluir que ele era um guerreiro habilidoso. O texto bíblico diz que ele usava armas novas, e a ponteira de bronze de sua lança pesava mais de três quilos. Curiosamente, a ponta da lança do gigante Golias pesava o dobro disso.
De acordo com o escritor bíblico, Isbi-Benobe atacou o rei Davi e esteve a ponto de quase matá-lo. Àquela altura Davi já estava esgotado pela batalha. Então, Abisai, o sobrinho de Davi que também era um dos seus guerreiros valentes, socorreu o rei e matou o gigante filisteu.
O texto bíblico não se preocupa em datar essa batalha em que Isbi-Benobe quase derrotou Davi. Alguns acreditam que essa guerra deva ter ocorrido ainda no início do reinado unificado de Davi, talvez antes de Jerusalém ter se tornado a capital política e religiosa do reino de Israel. Já outros acreditam que essa batalha deva ter ocorrido num tempo posterior, quando o rei Davi talvez já estivesse mais envelhecido.
O impacto do confronto entre Davi e Isbi-Benobe
Fica claro no texto bíblico que Davi escapou por pouco contra Isbi-Benobe. Mas a ação rápida de Abisai, o irmão de Joabe, também significou mais uma demonstração da providência divina em proteger o rei conhecido por ser um homem segundo o coração de Deus.
Conduto, o susto naquela batalha fez com que os homens de Davi não permitissem mais que ele voltasse a lutar. Os comandantes israelitas observaram a vulnerabilidade do rei e concluíram unânimes que Davi era muito valioso à nação para ser posto em risco nos campos de batalha. Eles declaram, então, que aquele teria sido o último embate militar em que Davi havia atuado como comandante.
A linguagem simbólica empregada nesta parte do texto bíblico é notável: Davi é descrito como a “lâmpada de Israel,” uma metáfora ricamente enraizada no contexto litúrgico e espiritual do povo hebreu. Os servos de Davi se preocupavam que essa lâmpada se apagasse, ou seja, eles temiam que o rei fosse morto numa batalha e com isso sua dinastia desaparecesse (2 Samuel 21:17).
Esta imagem da “lâmpada” faz eco ao candelabro perpetuamente aceso no santuário, que servia como um símbolo da constante presença e favor de Deus. Ao designar Davi como a “lâmpada de Israel”, o texto sugere não apenas que ele era a figura central na estrutura política e religiosa da nação, mas também o veículo através do qual a aliança divina é mantida e suas bênçãos derramadas sobre todo o povo (cf. 1 Reis 11:36; 15:4; 2 Reis 8:19; 2 Crônicas 21:7).
Além disso, essa metáfora da lâmpada designava Davi não apenas como aquele que, no papel de líder do povo, era responsável por manter acesa a luz da dependência e do favor divinos em Israel, mas também como aquele que servia como o meio pelo qual essa luz era projetada para iluminar e abençoar as nações circundantes (cf. 2 Samuel 22.29).
Depois, a história bíblica confirma que o Messias prometido veio da casa de Davi. Em Jesus Cristo são cumpridos todos os símbolos e promessas prefigurados em Davi e sua dinastia. Jesus é a verdadeira Luz do mundo capaz de iluminar aqueles que andam em trevas. Essa Lâmpada nunca se apagará, e seu reino jamais terá fim.