O Que Aconteceu Com Anás e Caifás na Bíblia?

Anás e Caifás eram os líderes religiosos mais influentes entre os judeus durante o ministério terreno do Senhor Jesus Cristo. Ambos foram sumos sacerdotes e integrantes da seita dos saduceus. Inclusive, Anás e Caifás estiveram no centro da trama que levou Jesus à crucificação. Portanto, obviamente há muita curiosidade sobre o que teria acontecido a esses dois sacerdotes após terem acusado, julgado e condenado Jesus à morte.

Anás exerceu o ofício de sumo sacerdote por cerca de nove anos, entre 6 d.C. e 15 d.C. Ele foi nomeado por Quirino e deposto por Valerius Gratus. Já Caifás foi o sumo sacerdote entre 18 d.C., por nomeação de Valerius Gratus, e 36 d.C., quando foi deposto por Lucius Vitellius. Dessa forma, Caifás foi o sumo sacerdote oficial durante todo o ministério terreno de Jesus e os primeiros anos da Igreja Primitiva.

No entanto, apesar de ocupar oficialmente o sumo sacerdócio, a sombra da autoridade de Anás sempre o acompanhou. Caifás, na verdade, era genro de Anás, e provavelmente sua nomeação ao sacerdócio teve a ver com a influência de seu sogro. Então, na prática, havia dois homens reverenciados pelo povo como sumos sacerdotes: Anás e Caifás.

Não há qualquer dúvida sobre o tamanho da influência de Anás naquele tempo, pois ele conseguiu com que cinco de seus filhos ocupassem o ofício de sumo sacerdote, além de seu genro, Caifás, e um de seus netos. Isso explica por que o evangelista Lucas escreveu que naquele tempo Anás e Caifás eram sumos sacerdotes (Lucas 3:2).

O que Anás e Caifás faziam como sumos sacerdotes?

O sumo sacerdote era, basicamente, o chefe dos sacerdotes e o principal responsável pela organização da adoração judaica. Isto também incluía a administração dos tesouros e recursos financeiros do Templo. Considerando o registro da purificação do Templo por Jesus no Novo Testamento, é possível entender que todo esse sistema havia se tornado comercial e extremamente lucrativo, financiando um estilo de vida muito confortável para as lideranças religiosas da época. Nesse sentido, Anás e Caifás formavam uma das famílias mais poderosas da elite judaica.

Somente o sumo sacerdote podia entrar no Santo dos Santos, que era o local mais reservado do Santuário. Nos tempos do Antigo Testamento, por exemplo, apenas o sumo sacerdote podia ministrar diante da Arca da Aliança, embora durante a época de Anás e Caifás a Arca já tinha sido perdida.

Além das funções religiosas, o sumo sacerdote também decidia judicialmente determinadas causas. No tempo de Anás e Caifás, o Sinédrio também já havia sido constituído, que era uma espécie de suprema corte judaica, e ambos presidiram essa corte.

O contexto em que Anás e Caifás exerceram a liderança do sacerdócio é melhor entendido à luz das mudanças que ocorreram após o cativeiro babilônico. O sumo sacerdócio passou a desempenhar funções políticas, desfrutando de um poder ainda maior entre o povo e se afastando de seus ideais originais.

Inclusive, o sumo sacerdócio devia ser vitalício, mas no tempo do Novo Testamento isto já havia mudado, e o sumo sacerdócio estava cada vez mais corrompido e subordinado à autoridade de Roma. Dessa forma, os governantes romanos ordenavam e destituíam os sumos sacerdotes conforme suas próprias estratégias. Por isto, tanto Anás quanto Caifás foram nomeados e depostos por autoridades romanas.

Anás e Caifás após a morte e a ressurreição de Jesus

Anás e Caifás estiveram diretamente envolvidos na condenação e morte de Jesus. Foi Caifás quem presidiu o Sinédrio quanto Jesus foi julgado e condenado. Antes disso, porém, Jesus também passou por um interrogatório preliminar diante de Anás. Após a ressurreição de Jesus, certamente Anás e Caifás estiveram entre as autoridades judaicas que subornaram os guardas do sepulcro para que eles negassem a veracidade da ressurreição.

Oficialmente, Caifás parece ter exercido o ofício de sumo sacerdote por mais tempo do que qualquer outro no período do Novo Testamento. Anás, por sua vez, continuou sendo referência como líder de uma das famílias mais poderosas da elite judaica, que sempre esteve envolvida em assuntos políticos e religiosos, tanto internamente entre diferentes seitas judaicas quanto no relacionamento com os governantes romanos.

Anás e Caifás são citados uma última vez nominalmente na Bíblia no livro de Atos dos Apóstolos. Certamente Caifás foi o sumo sacerdote mencionado como um amargo perseguidor dos cristãos no livro de Atos dos Apóstolos (Atos 5-9).

O tema da ressurreição era particularmente incomodo para Anás e Caifás, pois como saduceus eles rejeitavam essa doutrina. Então, como a ressurreição de Jesus sempre foi um tema central na mensagem do Evangelho, eles participaram ativamente da perseguição aos primeiros cristãos e apóstolos de Jesus que lideravam a Igreja em Jerusalém (Atos 4). Eles chegaram a prender os apóstolos Pedro e João e os ameaçaram para que eles deixassem de proclamar o nome de Jesus. Além disso, foi nesse mesmo período que o apóstolo Tiago, filho de Zebedeu, e o diácono Estêvão foram martirizados.

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Como foram as mortes de Anás e Caifás?

Ao longo do tempo, muitas pessoas também já tentaram especular sobre qual teria sido o desfecho final das vidas de Anás e Caifás. Há, inclusive, materiais de origem gnóstica que dizem que, supostamente, Anás teria sido morto por seu próprio genro Caifás. Porém, isto não passa de lendas e invenções, pois não há nenhuma fonte confiável que trata acerca das mortes de Anás e Caifás.

Na verdade, a obra do escritor e historiador judeu Flávio Josefo, que também viveu no primeiro século, é considerada a fonte literária extrabíblica primária para as vidas de Anás e Caifás. Josefo, por exemplo, fornece datas e detalhes sobre o contexto do sumo sacerdócio naquele tempo, e diz coisas importantes sobre as lideranças de Anás e Caifás na Judeia.

No entanto, mesmo Josefo não traz nenhuma informação sobre como foram as mortes de Anás e Caifás. Algumas pessoas também confundem o sumo sacerdote Anás com um de seus filhos que também ocupou o sumo sacerdócio e se chamava Anás. Esse homem, após ter sido deposto do sumo sacerdócio, se tornou um dos chefes do governo provisório da Judeia na grande revolta que eclodiu em 66 d.C., quando acabou sendo morto durante o cerco do Templo de Jerusalém.

Por fim, no ano de 1990, um ossuário ornamentado em Jerusalém acabou sendo atribuído a Caifás, devido a uma inscrição aramaica que trazia a identificação de “José, filho de Caifás”. Mas a grafia dessa inscrição foi bastante discutida, e embora o ossuário parecesse autêntico do primeiro século, sua atribuição ao sumo sacerdote Caifás foi contestada por muitos estudiosos. Já em 2011, arqueólogos de uma universidade de Israel também anunciaram a recuperação de um ossuário descoberto em 2008 que havia sido roubado, e que parecia estar ligado à família de Caifás.

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